Queens Park Rangers, o campeão



Depois de 15 anos, o Queens Park Rangers finalmente voltou à Premier League. E não foi uma volta qualquer, o time venceu a Championship e fez uma campanha muito boa, contando com atuações magistrais do craque da competição, o marroquino Adel Taarabt (ex-Tottenham).

Este acesso serviu para acabar com uma angústia que há muito incomodava os Hoops. Nestes 15 anos, o clube chegou a entrar em administração e quase foi à falência. Não obstante a isso, se envolveu em inúmeras confusões, como a da morte do garoto Kyian Prince, de apenas 15 anos e a eliminação na FA Cup para um time chamado Vauxhall Motors.

Nos último anos, sob a gerência de Flavio Briatore e Bernie Ecclestone, esperou-se muito mais desta equipe, sendo o retorno para a Premier League uma obrigação. Mas o que se viu foram sucessivas falhas administrativas e aquela famosa "política" de culpar os treinadores.

A partir de 2007, o magnata indiano Lakshmi Mittal, presidente da Arcellor Mittal (maior siderúrgica do mundo), comprou as ações de Briatore e tornou-se o acionista majoritário da equipe, trazendo seu filho, Amit Bhatia, para o conselho.

Mas, apenas em 2010 é que as coisas começaram a mudar no time. Isso aconteceu graças a chegada de Neil Warnock, que vinha de um trabalho no Crystal Palace, mas também já havia levado o Sheffield United à Premier League.

O experiente treinador foi bancado desde o início por Bahtia e, apesar de não começar tão bem seu trabalho, mostrou nesta temporada do que é capaz.

Dentro de campo, a equipe armada em um 4-2-3-1, mostrou uma seriedade muito grande e uma eficiência ainda maior. Isso fica evidente quando citamos o começo de temporada aterrador do time: foram 19 jogos de invencibilidade.

Vale destacar também um jogo marcante da quarta rodada, quando os Rangers saíram perdendo por 2x0 para o Derby County mas conseguiram empatar nos minutos finais.

Esta "racha" só se rompeu na 21a. rodada (vale destacar que o jogo da vigésima rodada foi adiado), quando jogando em casa (Loftus Road), o QPR perdeu por 3x1 para o Watford, com dois gols do artilheiro da temporada, Danny Graham.

Mas, depois disso, parece que os resultados adversos foram aceitos com mais calma pela torcida, já sem a cobrança para que a equipe mantivesse a invencibilidade.

Sendo líder por praticamente todas as rodadas, quando o time londrino tropeçava, seus principais rivais faziam o mesmo e, se por um lado o título parecia estar próximo dos Hoops, o acesso direto e as vagas para os play-offs estariam longe de se decidirem.

Como já foi dito, Neil Warnock escalava seu time em um 4-2-3-1 e jogava sempre em função do "Zidane marroquino" (Taarabt).

Mas, ainda assim, não podemos desprezar os outros bons nomes deste time. Paddy Kenny foi o melhor goleiro da temporada e fez por merecer este "título". Homem de confiança de Warnock desde o Sheffield United.

Pelas laterais jogaram tivemos Orr, atuando durante toda a temporada e o revezamento entre Walker (emprestado pelo Aston Villa no primeiro turno) e Connolly (que assumiu a direita no returno).

Na zaga central tivemos Hill e Gorkss que, apesar de serem os principais responsáveis pela melhor defesa da Championship (tomando apenas 32 gols), não passariam tanta confiança na Premier League.

No meio campo, dois cães-de-guarda chamaram a atenção: Derry e Faurlin. O primeiro já é um veterano, mas que ainda assim mostrou uma virilidade impressionante. O argentino Faurlin chegou do Colón de Santa Fé em 2009, mas se firmou apenas nesta temporada.

Partindo para os 3/4 do campo, temos o ponto forte deste time. Pela direita, Jamie Mackie era o titular indiscutível, até se lesionar e perder boa parte da temporada. O problema só foi resolvido com a chegada de Wayne Routledge, emprestado pelo Newscastle.

No flanco esquerdo, Tommy Smith (emprestado pelo Portsmouth), foi o verdadeiro "dono" da posição, jogando (bem) durante toda a temporada.

Mais centralizado estava ele, Adel Taarabt, que dispensa elogios. O marroquino de 23 anos marcou 19 gols durante a temporada e foi decisivo na suma maioria dos jogos, fazendo o time jogar em função dele, o que pode ser um problema na Premier League.

O único atacante desta equipe foi o veterano islandês Heidar Helguson, que perdeu a titularidade para Hulse no meio da campanha, mas acabou recuperando-a marcando em quase todos os jogos e tornando-se o vice-artilheiro do time, com 13 gols.

A principal polêmica envolvendo o QPR esteve relacionada a contratação de Faurlin. Isso porque, segundo uma carta enviada a FA, a contratação do argentino envolveu a participação de terceiros (algo proibido na Inglaterra). Com isso, os Hoops poderiam ser multados e ainda perder até 15 pontos, o que os faria disputar os play-offs.

Mas, um dia antes do último jogo (ante o Leeds), a "The Football Association" anunciou seu veredicto: o QPR foi apenas multado em oito milhões de libras. Um alívio para todos. O próprio Bernie Ecclestone quando soube da notícia saiu de sua sala gritando: "Conseguimos o acesso, somos campeões, estaremos na Premier League!"

Se espera muito deste clube para a próxima temporada na elite do futebol inglês, mas algumas contratações precisam ser feitas. Notem que, o artilheiro do time, Taarabt, marcou 19 gols e o artilheiro da Championship, Graham, marcou 24. Ou seja, os Hoops precisam de um camisa "9".

Além disso, o banco de reservas foi limitado durante toda a temporada e ao entrarem, os suplentes não passaram confiança alguma. Algo que seria inimaginável em uma equipe que disputará a Premier League.

Mas a chegada de reforços parece só uma questão de tempo, já que Lakshmi Mittal e Ecclestone estão dispostos a gastar.

Outro rumor que envolveu o clube há poucas semanas foi uma possível saída de Neil Warnock, mas Amit Bahtia fez questão de dizer que o "banca" no clube, assim como fez desde sua chegada.

Entretanto, na semana passada o filho de Mittal renunciou de seu cargo na gerência da equipe depois do aumento no preço dos ingressos, atitude que Bernie Ecclestone considerou necessária. Mais uma vez pairou a dúvida sobre a continuidade de Warnock e mais uma vez ele foi garantido, agora pelo italiano. O que parece um alívio para todos.

Uma coisa é certa, Londres terá mais um representante disposto a mostrar serviço na Premier League em 2011-2012, aguardaremos com ansiedade.

Gilmar Siqueira
sexta-feira, 15 de julho de 2011 às 21:32

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