Aventura em Lancashire

Não foi uma passagem. Foi simplesmente uma aventura.
Nesta quinta-feira (27) o Blackburn anunciou oficialmente a demissão do treinador Henning Berg. Ele ficou 57 dias no cargo e venceu apenas um dos 10 jogos em que esteve no comando (a vitória foi um 4x1 sobre o Peterborough). O norueguês deixa o time na 17a. colocação com 29 pontos. Posição nada desejada pelos indianos Venky, que investiram muito dinheiro -de forma errada- e queriam um retorno imediato à Premier League.

No site dos Rovers lia-se este comunicado: "Blackburn Rovers anunciou a saída do gerente Henning Berg, dos assistentes Eric Black e Iain Brunskill e do preparador de goleiros Bobby Mimms. Esta decisão foi tomada após uma sequência muito decepcionante de resultados. O clube agradece aos quatro homens por seus esforços e deseja-lhes todo o sucesso para o futuro".

Se ontem Sean O'Driscoll deu adeus a seu cargo hoje foi a vez de Henning Berg. A respeito do desempenho em campo, sem dúvidas Nottingham Forest e Blackburn diferem muito. Os Reds estão a um ponto dos play-offs, enquanto os Rovers estão na insatisfatória 17a. posição. No entanto, as atitudes de ambos os proprietários são bastante semelhantes. No caso dos Venky não é a primeira vez que isso acontece. Aliás, a primeira delas foi no final de 2010, quando compraram o clube de demitiram Sam Allardyce. Desde então começou o intenso desgaste em sua relação com a torcida.

Não há necessidade de recapitular toda a trajetória dos Venky e a cruzada pela qual passou Steve Kean (já fiz isso aqui), mas vale relembrar ao menos o último parágrafo do post em que falava sobre sua demissão: "depois da chegada de reforços e de um bom começo na Championship, eles escolheram o pior momento possível para tomar esta decisão. É preciso se ter em mente que  absolutamente todos os jogadores se compadeceram do verdadeiro drama pelo qual passou Steve Kean e uma revolta por parte deles contra os proprietários não seria nada saudável para o Blackburn".

Felizmente a revolta não veio. O que veio, na verdade, foi um técnico bastante inexperiente. Henning Berg, que fora campeão nacional pelos Rovers em 1995 como jogador, vinha de dois trabalhos na Noruega e estava atuando como comentarista de tv. Uma aposta completamente inesperada dos Venky que dificilmente daria certo e realmente não deu. Mas a culpa não é só de Berg. Ele não poderia fazer um milagre caindo de pára-quedas na Championship e tendo a obrigação de levar o clube de volta à Premier League.

Um editorial no Lancashire Telegraph diz a mesma coisa: "será que algum treinador poderia ser bem-sucedido nas atuais circunstâncias? Você olha para uma série de fatores e vê que isso é difícil.

"Em primeiro lugar a equipe provou simplesmente não ser boa o suficiente. Eu estava entre aqueles que pensavam que algumas das contratações do verão fariam bem na Championship, mas sou o primeiro admitir que estava errado.

"A janela de transferências foi um desastre em proporções épicas. Dos 12 jogadores trazidos, apenas Jordan Rhodes revelou-se um sucesso. Berg não pode ser culpado por isso. A responsabilidade deve cair sobre as costas de Steve Kean e do conselheiro Shebby Singh".

Viram? A situação do Blackburn é bem mais complicada do que aparenta. O problema com os treinadores é apenas um reflexo da ridícula administração da família Venky, que pensa ser necessário apenas injetar dinheiro para que o clube tenha um bom desempenho. Infelizmente, nos dias de hoje, o futebol britânico precisa conviver com inúmeros donos de clubes assim.

Gilmar Siqueira
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012 às 12:35

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