Crystal Palace vence playoffs e retorna à Premier League

Mesmo negociado, Zaha foi decisivo na reta final (Reprodução/The Times)
*Por Peter Linhem 

O Palace terminou a Championship em quinto lugar após uma temporada de altos e baixos, em que eles precisaram do último jogo para garantir um lugar nos play-offs.

Nos playoffs, eles reencontraram seu arqui-rival Brighton nas semifinais, depois de vencer e perder por 3x0 durante a temporada regular.  Essa rivalidade é um tanto quanto ortodoxa, uma vez que eles não são da mesma cidade e tem outros clubes mais próximos. No entanto, algumas partidas controversas na década de 70 provocaram a rivalidade, que não diminuiu com o tempo.

Após vários anos em divisões diferentes, eles só voltaram a se enfrentar quando os Seagulls venceram a League One em 2010/2011 e logo depois do Crystal Palace contratar Glenn Murray por meio de uma transferência livre. Murray, que, com 22 gols, foi o vice artilheiro do Brighton na terceira divisão, mas que optou por não renovar seu contrato e acertar sua transferência ao Palace.

O Brighton chegou às semifinais com um pequeno favoritismo, por terminar o campeonato em quarto e ter a vantagem de jogar a partida de volta em seus domínios. O favoritismo aumentou logo no início do confronto, quando Murray foi substituído e, imediatamente descartado para a partida de volta, após sentir uma lesão no joelho. Como o jogo de ida terminou sem gols, o Brighton começaria a segunda partida com uma vantagem ainda maior.

Apesar de ser sempre mais perigoso e manter a posse de bola no AMEX Stadium, o Brighton não conseguiu vencer o bloqueio defensivo do Crystal Palace e viu o excelente Wilfried Zaha - já contratado pelo Manchester United – decidir a partida, com dois gols que garantiram a vaga em Wembley. 

Na final, o Crystal Palace chegou novamente com status de zebra diante de um Watford, que terminou a competição em terceiro e tinha uma equipe repleta de jogadores “selecionáveis”. 

Pode-se dizer que as equipes se diferenciavam pela experiência que o Palace tinha. No banco de reservas estava Ian Holloway, treinador que esteve em duas das últimas três finais de playoffs, além de Kevin Phillips. E no segundo tempo, Holloway mandou Phillips a campo, mas o experiente atacante só teve algum impacto na primeira meta da prorrogação (ou seja, tardiamente), quando Zaha foi derrubado na área e o árbitro marcou pênalti.

Prestes a completar 40 anos, Kevin Phillips foi para a bola e marcou. O Watford ainda teve a segunda metade do tempo extra para reagir, mas não chegou a ameaçar o Palace, que garantiu a promoção

Crystal Palace passou por momentos difíceis nos últimos anos. Após uma única temporada na Premier League, em 2004/2005 -quando Andrew Johnson foi seu principal jogador - eles foram incapazes de competir na Championship. Com dificuldades financeiras que significaram uma dedução de pontos, o Crystal Palace evitou o rebaixamento em 2009/2010 após um empate dramático contra o Sheffield Wednesday, na última rodada. Na temporada seguinte, quando o Brighton conquistou o título da League One, o Palace terminou em vigésimo, apenas seis pontos acima da zona de rebaixamento.

Então, a situação do Palace sofreu uma virada nas últimas temporadas, mas ninguém poderia ter previsto que isso seria tão rápido. Após terminar 2011/2012 em 17°, eu realmente pensava que eles lutariam contra o rebaixamento com a venda de Darren Ambrose para o Birmingham e a iminente saída de Wilfried Zaha. Parece estúpido para a retrospectiva, mas o Palace também tinha perdido o promissor lateral Nathaniel Clyne e Gleen Murray havia marcado apenas seis vezes durante sua primeira temporada pelos Eagles.

E eu não estava sozinho. Na prévia da Championship feita pelo Guardian, o torcedor que representava o Crystal Palace apostava que a equipe terminaria na metade de baixo da tabela, em 15°, além de mencionar que seria um progresso se eles pudessem passar longe da zona de rebaixamento.

Portanto, pode-se dizer que essa temporada veio do nada. Freedman era visto como um técnico decente que havia trabalhado apenas no Crystal Palace - da mesma forma que Alan Shearer no Newclastle - com a diferença que Freedman apenas lutou contra o rebaixamento.

O Crystal Palace, na verdade, começarou como esperado, com três derrotas consecutivas que os deixou na parte inferior da tabela, mas, em seguida, eles somaram 14 partidas sem perder, sendo 11 vitórias que os colocaram na parte de cima da tabela na metade de novembro. A campanha fez com que Freedman fosse visto como um técnico promissor e ele logo se juntou ao Bolton. Sem técnico, o Palace não demorou muito tempo para contratar Ian Hollway. Freedman deixou o clube no final de outubro, quando eles ocupavam o quarto lugar, e Holloway assumiu a tempo de ver a goleada por 5x0 sobre o Ipswich, que rendeu o primeiro lugar da competição.

Mas a sensação entre torcedores e especialistas é que Freedman foi o técnico mais bem-sucedido do campeonato. Basta comparar seu retrospecto com o de Holloway. Sob o comando de Freedman, o Palace venceu seis, empatou duas e perdeu apenas três partidas, enquanto Holloway ganhou apenas 11 de seus 32 jogos, tendo empatado 12 vezes e perdido nove. Mas o que as estatísticas não dizem é que o Palace não precisava vencer muitos jogos, mas sim manter um lugar na zona dos playoffs. É uma grande conquista ganhar os playoffs, mas o que será interessante ver o quanto a diretoria confiará em Ian Holloway se eles começarem mau a temporada ou como seria se eles não tivessem vencido a pós-temporada.

O que o futuro reserva para o Crystal Palace?

Esta é uma pergunta óbvia, mas muito difícil de ser respondida. O Crystal Palace não tinha o melhor elenco, nem sequer o quinto melhor da Championship, mas eles tiveram uma boa sequência no início e duas das principais estrelas da temporada (Murray e Zaha), juntamente com um goleiro confiável (Julian Speroni), um cão-de-guarda no meio campo (Mile Jedinak) e um winger habilidoso (Yannick Bolasie), que foram comprados a preço de banana e que ninguém esperava que fizessem muita diferença. Mas Jadinak mostrou um estilo parecido ao de Fellaini no meio campo do Palace, e Bolasie atuou como Zaha do outro lado do campo, sendo recompensado com um lugar no time da temporada. Um Zaha com menos físico e mais confiança em seus dribles.

O problema agora é que Zaha pertence ao Manchester United. Um novo empréstimo ao Crystal Palace na próxima temporada ainda não foi totalmente descartado, mas, caso isso não aconteça, eles terão uma grande lacuna para preencher. Bolasie é um substituto pronto, mas ele não deve ter tanto espaço se seus adversários não tiverem mais que se preocupar com Zaha na outra ala. Isso também significaria que os Eagles precisariam de um novo atacante para atuar com Bolasie ou eles continuariam jogando com meias centrais improvisados, como Jonathan Williams (apelidado de "Joniesta"), que é um jogador excelente, mas que não é um winger de origem. Com Glenn Murray provavelmente fora de toda a temporada, devido àquela lesão no joelho, significa que eles não tem um bom atacante e provavelmente precisarão ir às compras. Wilbraham mostrou pouco nos playoffs e Kevin Phillips, que fará 40 anos, está apenas emprestado pelo Blackpool. 

Eu não estou muito preocupado com o seu meio-campo, que é sólido, mas também ofensivo, principalmente com Owen Garvan, que atuou meia-atacante. O problema pode ser a falta de um playmaker, se eles não tiverem confiança em Williams, que tem capacidade para atacar e defender, apesar de seu porte físico frágil.

A preocupação maior pode ser a defesa, que tem alguns jogadores decentes, mas que provavelmente não são bons o suficiente e que não jogam juntos há muito tempo. Muitos deles provavelmente devem continuar, mas eles deveriam contratar no mínimo um zagueiro para comandar a defesa.

Eu também não acredito que o Crystal Palace vai se limitar a fugir do rebaixamento como previsto, porque até a quantidade de dinheiro recebida pelos menores clubes da Premier League é suficiente para fazer grandes transferências e, como o Southampton, eu espero que eles descubram algum jovem jogador em suas categorias de base. O problema é saber se eles serão cautelosos com os gastos, assim com o Reading ou o Blackpool dirigido por Holloway, pois aí eu não acho que eles terão muita chance, infelizmente. Afinal, eu sequer tinha certeza que eles poderiam sobreviver na Championship.

*Peter A. Linhem é sueco e tem enorme interesse por futebol inglês, especialmente pelas divisões da Football League. Visite o seu blog (em sueco) siga-o no twitter.

Lucas Leite
sexta-feira, 7 de junho de 2013 às 13:30

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