Romain Larrieu está no clube desde 2000 e viu a crise desde o início. |
É exatamente esta pergunta que os torcedores do Plymouth Argyle estão se fazendo há mais de um ano, quando uma enorme crise econômica assolou o clube, que chegou a entrar em administração e perder 10 pontos. Como se não bastasse isso, por duas vezes houve empresários muito próximos de comprar os Pilgrims, mas as negociações nunca evoluíram.
Em 2008, o Argyle havia conseguido seu acesso para a Championship e já estava pensando em investimentos que visavam o acesso à Premier League. Até então, o principal acionista do clube era o misterioso Yasuaki Kagami, que tornou-se acionista majoritário um ano antes.
Pouco se sabia sobre ele, já que quase não ia à Inglaterra e também evitava o contanto com a imprensa japonesa. A torcida então se mostrou bastante preocupada e o site do Plymouth acabou lançando uma nota explicando um pouco mais sobre os negócios do japonês e dizendo que ele tinha uma fortuna estimada em 42 milhões de libras. Depois disso, ganhou a alcunha de "o salvador do Plymouth".
Para se ter uma ideia, apenas 8 meses depois das negociações é que se confirmou que ele comprou 20% das ações do Argyle, vindo a ter 38% em menos de um ano. Seu porta-voz era o inglês George Synan, ilustre torcedor dos Pilgrims. Em 15 meses a proposta para o Plymouth já era a formação de "um novo mundo", contando com Kagami, Sir Roy Gardner e Keith Todd. A promessa inicial era a construção de um estádio de 46 mil lugares, logo após a promoção para a Premier League.
O que parecia bom demais começou a despertar certa desconfiança já na temporada 2009/10, quando os grandes empréstimos feitos não puderam ser quitados como todos esperavam. Parece uma situação um tanto confusa: se o time havia acabado de ser comprado, por que fazer empréstimos? A "injeção" financeira era uma certeza até então, mas não viria imediatamente, exatamente por isso eles buscaram uma forma rápida de conseguir o dinheiro.
A situação foi piorando quando vieram as cobranças e não havia nada nos cofres da equipe (ainda!). Tentando evitar um pânico generalizado, a diretoria anunciou a venda de jogadores importantes, o que resultaria em problemas dentro de campo, mas supostamente as dívidas seriam quitadas. Aí é que começou o desespero, porque mesmo com inúmeras vendas, não houve como pagar a dívida e veio o rebaixamento para a League One.
Na terceira divisão, o que parecia ruim ficou ainda pior e até funcionários tiveram que ser demitidos. Como se não bastasse isso, os jogadores ficaram mais de 3 meses sem receber salários. A alternativa encontrada pelos Pilgrims foi emprestar jogadores de várias outras equipes, na tentativa e formar um elenco e não gastar além do sumariamente necessário.
No meio da temporada o clube entrou em administração e Peter Risdale (sim, ele!) foi eleito pela diretoria o administrador, visando controlar a situação e "preparar o terreno" para um novo proprietário. Mas este, nunca veio. E o não pagamento das dívidas obrigou a "The Football League" a deduzir 10 pontos dos Pilgrims, jogando-os para a zona de rebaixamento.
O descenso era inevitável, mas o pior era chegar à League Two já sendo um dos candidatos ao rebaixamento, como aconteceu no caso do Argyle. O time começou a temporada 2011-2012 de forma ridícula sob o comando do experiente Peter Reid, conquistando 5 pontos em 12 jogos.
A "solução" encontrada pela diretoria foi demiti-lo, o que pareceu a todos uma atitude bastante inconsequente. Entretanto, a partir do momento que o capitão Carl Fletcher assumiu interinamente o comando técnico parece que as coisas mudaram e o esforço dentro de campo foi muito maior.
A torcida ainda precisa ser realista. Apesar desta aparente melhora, nada mudou. Os Pilgrims ainda estão em administração e correm risco até mesmo de fecharem as portas, o que seria desastroso. Recentemente a "The Football League" aprovou um pedido de aquisição de um empresário do ramo da hotelaria, mas até agora nada foi acertado. Aguardemos cenas dos próximos capítulos.
Mau um time tradicional se afundando cada vez mais
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