O jogo do Século

O Wimbledon FC não estava preparado para ser grande (Reprodução/Telegraph)
Depois de quase 100 anos disputando campeonatos amadores da Inglaterra, o Wimbledon FC enfim fora promovido à uma divisão da Football League, em 1977. Apesar das dificuldades no início, bastaram nove temporadas para que o pequeno clube do sul de Londres chegasse ao principal campeonato da Terra da Rainha. Com um estilo de jogo bruto e desenfreado, o Dons se manteve na primeira divisão até o ano de 2000, conquistando nesse período dois sextos sextos lugares (1986/1987 e 1993/1994), além de sua maior glória, a FA Cup de 1988, contra o Liverpool do técnico Kenny Dalglish.

No entanto, a fase dourada dos anos 1990 foi o início do fim para o Wimbledon. Ainda com estruturas amadoras, o clube se viu obrigado a abandonar o estádio de Plough Lang, com capacidade para apenas 15 mil pessoas, no início da década. Sem uma nova casa, o Dons anunciou que dividiria temporariamente o estádio de Selhurst Park com o vizinho Crystal Palace até que uma nova arena fosse construída. Foram aí que os problemas começaram.

Proprietário do Wimbledon na época, Sam Hammam, vendeu Plough Lane a uma rede de supermercados, deixando o clube londrino sem casa e com uma série de problemas financeiros. Com o clube já em administração, a única alternativa de Hammam foi vender o Wimbledon a um consórcio da cidade de Milton Keynes, liderado pelo norueguês Pete Wilkelman. Como parte do acordo, o Dons receberia um estádio maior, mas seria realocado para o condado Buckinghamshire, a 90 quilômetros de Londres.

A mudança, contudo, fez com que dois clubes nascessem a partir do Wimbledon. Revoltados com a saída de Londres, torcedores locais fundaram, em 2002, o AFC Wimbledon. Em contrapartida, os "herdeiros" do Wimbledon original mantiveram a tradição até 2004, quando decretaram sua extinção, mudando as cores, o emblema e o nome do time para Milton Keynes Dons.

Desde então, as equipes nunca haviam se cruzado, porém, o sorteio da segunda fase da FA Cup os colocará frente a frente no próximo domingo, às 10:30. Apesar de separados por 41 times e em momentos completamente opostos (o AFC Wimbledon luta para se manter na League Two, enquanto o MK Dons segue como forte candidato à promoção para a Championshp) o confronto é visto como algo muito além do futebol pelos torcedores dos dois clubes.

A chamada do jogo confirma a atmosfera pesada (Reprodução/Guardian)
Enquanto fora de campo, os torcedores do AFC Wimbledon prometem ir ao MK Stadium com roupas à prova de radioatividade para evitar a contaminação pelo "futebol maligno", dentro das quatro linhas alguns personagens podem roubar a cena.

Formado nas categorias de base do antigo Wimbledon, Dean Lewington é tido como dúvida após um problema na coxa. Presença constatante na defesa menos vazada da League One, o defensor permite os avanços de Luke Chadwick - artilheiro do time com oito gols - pela esquerda. Responsável por quatro gols e cinco assistências, Dean Bowdiditch também pode decidir o embate.

Pelo lado do AFC Wimbledon, a dupla de ataque formada por Jack Midson e Byron Harrison tem condições surpreender. Entretanto, ninguém poderia dar mais representatividade ao confronto quanto Neil Sullivan. Contratado recentemente por empréstimo junto ao Doncaster, o arqueiro de 42 anos - que serviu o Wimbledon entre 1998 e 2000 - aguarda apenas por uma autorização do Rovers para legalizar sua situação junto à Football Association.

Com chances escassas de disputar a mesma liga nacional no futuro, AFC Wimbledon e MK Dons certamente batalharão com unhas e dentes pelo posto do antigo clube londrino. Ingredientes não devem faltar para a partida de amanhã.

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Lucas Leite
sábado, 1 de dezembro de 2012 às 16:10

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