Sean O'Driscoll. |
Poucas horas após uma incrível vitória por 4x2 sobre o Leeds United, a diretoria do Nottingham Forest anunciou oficialmente a demissão do treinador Sean O'Driscoll. Ele ficou 5 meses e deixou o clube na oitava colocação com 36 pontos, um a menos que o sexto Watford. Esta é a forma da família Al-Hasawi demonstrar o que entende por "longo prazo".
Em sua declaração o senhor Fawaz Al-Hasawi, um dos proprietários, disse o seguinte: "Ele foi nomeado em um momento extremamente difícil para o clube e pode contar-se com o azar de ter perdido o seu trabalho com a equipe a apenas um ponto de distância dos seis primeiros. Mas nós temos a responsabilidade de olhar para o futuro, porque temos grande ambições.
"Sabíamos, quando compramos o clube no verão, que levaria tempo para que os jogadores recém-adquiridos pudessem resolver, mas esse processo levou mais tempo do que prevíamos. Nós sentimos que temos desenvolvido um plantel de jogadores muito forte, mas que ainda seguem em busca de consistência em termos de equipe, o que fica evidente quando vemos que não vencemos mais que dois jogos consecutivos. E com a janela de janeiro se aproximando, sentimos que é o momento certo para fazer uma mudança".
Maneira errada de pensar. A verdade é que todas as atitudes da família Al-Hasawi com respeito à contratação de Sean O'Driscoll foram incorretas. Inicialmente eles demitiram o promissor técnico Steve Cotterill, que sucedeu Steve McClaren e "segurou o rojão" na temporada anterior. Com respeito a isso, é até compreensível. Os kuwaitianos haviam acabo de comprar o clube e queriam mostrar que estavam no controle trazendo alguém de confiança.
Os primeiros nomes sondados foram técnicos com experiência na Premier League, como Harry Redknapp e Micky McCarthy, mas as negociações não avançaram. Cogitou-se Darren Ferguson também, que logo rechaçou quaisquer contatos e permaneceu no Peterborough. Assim sendo, as opções se esgotaram e os Al-Hasawi foram forçados a voltar suas faces para Sean O'Driscoll. Este, poucos meses antes, acabara de deixar os Reds para se juntar ao Crawley Town, como diretor de futebol. Mas, como esperado, não resistiu a uma proposta de seu ex-clube e voltou.
Com um novo treinador e às vésperas da temporada vieram os reforços: Simon Cox, Adène Guédioura, Greg Halford, Henri Lansbury e Billy Sharp (sendo este último por empréstimo) foram apenas alguns deles. Com tanto dinheiro gasto, logicamente a cobrança sobre O'Driscoll seria a maior possível. Isso é inquestionável.
Inclusive um dos fatores mencionados pelo senhor Fawaz Al-Hasawi dizia respeito ao baixo rendimento do plantel. Ele disse que os proprietários "esperaram tempo demais para obter poucos resultados". Este "tempo demais" para o senhor Fawaz gira em torno de cinco meses. Até o momento metade de uma temporada. Caso não saibam, no futebol -sobretudo no britânico- isso é pouquíssimo tempo. Ademais, os reforços foram chegando gradativamente e não todos de uma só vez, o que forçou O'Driscoll a moldar sua escalação e tentar lapidar um estilo de jogo para o Forest pouco a pouco.
Nem ele nem qualquer outro treinador teriam capacidade para fazê-lo, de modo que sabemos que esta suposta "irregularidade" (um time não pode ser considerado irregular estando a um ponto dos play-offs) não foi o principal motivo para sua saída. A verdade é que O'Driscoll foi simplesmente um "tapa-buraco". Alguém que aceitou o trabalho quando procurado mas que nunca passou confiança de verdade aos proprietários.
Os kuwaitianos, por sua vez, imaginam que trazendo um treinador de "elite" -que é o que eles querem- irão mostrar à torcida que suas ideias são sérias. Maneira errada de pensar mais uma vez. Seguramente boa parte da torcida dos Reds não tinha total confiança em O'Driscoll, mas demiti-lo nesse momento só piora as coisas. Ao que tudo indica os senhores Al-Hasawi não sabem que nesta época do ano há uma intensa e crucial maratona de jogos que pode definir os rumos da equipe até o fim da temporada. É um verdadeiro "divisor de águas".
Só nos resta imaginar, da forma mais otimista possível, que esta atitude foi tomada porque as negociações com outro treinador já estão bem avançadas. Isso não apagaria a falha da demissão de O'Driscoll, mas é o cenário menos obscuro possível neste momento.