Adeus, Premier League

por Lucas Leite dia sexta-feira, 29 de junho de 2012 às 14:57

Há 11 anos o Bolton de Owen Coyle não jogava a Championship
(Reprodução/Telegraph)

Após repercutir a temporada das equipes promovidas - desde as que irão à Premier League até as que entraram na Football League, o blog abre espaço para Daniel Leite* - que analisa o ano dos clubes rebaixados para a Championship.

O Bolton e sua série de problemas...

Prejudicado pela tabela espinhosa do início da temporada, o Bolton não se recuperou após perder seis das primeiras sete partidas. A saída de Elmander para o Galatasaray pesou demais, pois N’Gog não o substituiu à altura. As lesões de Lee e Holden também derrubaram a equipe de Owen Coyle, que ainda vendeu Cahill ao Chelsea em janeiro. Apesar de três vitórias seguidas em março, o time sempre mostrou sintomas de que seria rebaixado. Por outro lado, a manutenção de Coyle para 2012-13 é positiva.

...o Blackburn e sua péssima administração... 

O rebaixamento foi resultado natural de um trabalho confuso e negligente da diretoria indiana dos Rovers. Em campo, também tudo errado. Steve Kean falhou na tentativa de montar uma equipe sólida, para que Yakubu e Hoilett brilhassem à frente. A dupla até foi bem, mas simplesmente não havia consistência. Por exemplo, o Blackburn venceu o Manchester United em Old Trafford e perdeu para o Wolverhampton em casa. Mesmo com o reforço de Danny Murphy, o cenário para a próxima temporada é mais sombrio que o do Bolton.

...o Wolverhampton e sua impaciência. 

Dois fatores resumem a queda dos Wolves: o fracasso de Roger Johnson e a demissão de Mick McCarthy. Contratado por £7 milhões, Johnson virou capitão imediatamente, mas o desempenho ficou bem abaixo da expectativa. A defesa, liderada pelo ex-zagueiro do Birmingham, sofreu 82 gols. A experiência de McCarthy em escapar do rebaixamento era a esperança quase solitária dos torcedores. No entanto, a diretoria o demitiu e efetivou Terry Connor, seu auxiliar. Connor não ganhou sequer uma de 13 partidas. Em 2012-13, o técnico será o norueguês Stale Solbakken.

Perdeu alguma das análises anteriores? Então confira!

Championship: Reading, Southampton e West Ham

*Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa, Daniel Leite é fã do futebol inglês desde os 10 anos, quando Shearer, Owen e Hasselbaink eram os artilheiros da Premier League. Visite sua coluna no portal iGsiga-o no twitter

A Conference nos apresenta Fleetwood e York

por Gilmar Siqueira dia quarta-feira, 27 de junho de 2012 às 21:40


A festa do título.
Seguindo esta linha de análises, o Football League Brasil falou recentemente sobre  Crawley e Crewe. Agora chegou a vez de fazermos como na última temporada e comentar sobre os promovidos da Conference: Fleetwood Town e York City.

A fênix da Conference

Parece que virou moda o campeão da BSPL somar mais de 100 pontos na temporada. Foi o que aconteceu com o Fleetwood, que terminou a liga com 103. Mas poucos sabem o quanto esta equipe sofreu para chegar à The Football League pela primeira vez em sua história. Basicamente foi refundado três vezes devido a seríssimos problemas financeiros.

O Fleetwood FC surgiu em 1908 e deixou de existir em 1976. No entanto, apenas um ano mais tarde pode ressurgir com o nome de Fleetwood Town FC. Mas a situação tornou-se crônica em 1996 e mais uma vez houve a liquidação. Por fim, em 1997 "nasceu" o Fleetwood Wanderers (que mais tarde mudou de nome e voltou a adotar o Fleetwood Town), time que se encontrava na décima divisão. Nesta época, até mesmo a Conference era um sonho muito distante.

Mas como se deu esta ascensão nas divisões inferiores britânicas? Logicamente o time não ia começar a subir de produção de um dia para o outro. O que aconteceu foi que, em 2003, o empresário Andy Pilley assumiu a presidência do Fleetwood e passou a investir pesado. Na infra-estrutura sua maior contribuição foi a de 4,5 milhões de libras para o estádio Highbury (que não tem nada a ver com o antigo estádio do Arsenal). Contudo, diferentemente do Crawley Town, que se envolveu em certas polêmicas financeiras, o Fleetwood jamais passou por estes problemas sob a gestão de Pilley.

Soa de forma um pouco estranha falar isso agora, mas até meados da temporada era quase impossível imaginar que o Cod Army fosse lutar pelo título. A verdade é que a regularidade do galês Wrexham, sob o comando de Dean Saunders, era impressionante. Tudo apontava para uma campanha bastante semelhante à do Crawley em 2010-2011.

Mas foi só o treinador assumir o Doncaster que tudo mudou e os Dragons caíram muito de produção. Nisso, o Fleetwood, comandado pelo ótimo Micky Mellon, viu uma oportunidade para assumir a primeira colocação e garantir o acesso direto. 

Seu destaque ao longo da campanha foi, sem dúvida, o atacante Jamie Vardy. Artilheiro da BSPL com 31 gols (34 somando todas as competições), foi vendido ao Leicester City pela bagatela de 1 milhão de libras. Bom negócio para os Foxes e nem tanto para o Fleetwood, que precisará contar com o veterano Jon Parkin para a disputa da League Two.

Luton Town bateu na trave outra vez e York City se garantiu na TFL

Logicamente nosso objeto de análise será o York, mas é impossível não falar do Luton Town. A equipe perdeu a final dos play-offs da Conference pela terceira vez consecutiva. Ademais, o time que agora é comandado por Paul Buckle (ex-Torquay), conseguiu a classificação na última rodada vencendo o campeão Fleetwood.

O York, ao contrário do atual campeão, voltará à TFL depois de 7 anos. Neste meio tempo esteve próximo algumas vezes, mas não conseguiu o acesso. Outro ponto que o difere do Fleetwood é a homogeneidade de seu elenco, sem qualquer estrela que possa verdadeiramente desequilibrar uma partida. Com um modesto plantel nas mãos, Gary Mills fez um excelente trabalho.

O Minsterman mostrou que seria um adversário duríssimo nos play-offs ao vencer o FA Trophy 2012, batendo o Newport County na final por 2x0. Foi a primeira vez que pisou no gramado de Wembley em 100 anos.

Na final dos play-offs da Conference, também em Wembley, mostrou uma capacidade de reação fora do comum. Saiu perdendo para o Luton logo aos 2 minutos de jogo, mas empatou aos 26' e virou aos 47'. Além disso, é muito importante destacar a pressão que exerceu no campo adversário durante todo o duelo -mesmo após a virada- encurralando o time de Buckle. A partir desta partida tivemos uma noção da disciplina tática que os rivais da League Two encontrarão no York.

Por Gilmar Siqueira

Após muitas oscilações, a regularidade os salvou

por Gilmar Siqueira dia segunda-feira, 25 de junho de 2012 às 12:59

Dario Gradi.

Como sabem, o Football League Brasil vem fazendo análises das equipes que se destacaram na TFL. Depois de Huddersfield e Crawley Town, chegou a hora de falar sobre o time que tem uma das melhores categorias de base da Inglaterra, o Crewe Alexandra, que foi promovido à League One após vencer os play-offs.

O time do incrível Dario Gradi, que trabalha no Alexandra Stadium desde 1983, começou a temporada de forma muito irregular, fazendo do meio da tabela seu lugar quase que fixo durante o primeiro turno. As diferenças para o competitivo time da passada campanha eram grandes, e a dependência de Byron Moore tornava-se evidente a cada rodada.

Cinco derrotas consecutivas não eram aceitáveis e a cúpula da equipe passou a cogitar mudanças. A mais significativa delas partiu de Gradi. Ele renunciou ao cargo de treinador, permanecendo como gerente de futebol, e nomeou para seu lugar Steve Davis, ex-zagueiro do próprio Crewe e que já trabalhava como assistente técnico. Haja vista que não era a primeira vez que tal câmbio acontecia, poucos se mostraram confiantes na "aposta", mas ao final Davis mudou a cara do Crewe.

Muitos dizem que a intensa maratona de jogos que começa no Boxing Day e vai até os primeiros dias de janeiro deixa evidente quais equipes brigarão pelo que na liga. Com o Alex foi assim. Já sob o comando de Davis o time passou a apresentar um futebol bem mais agradável e não demorou muito até atingir o tão almejado "top 7".

Ao fim da "temporada regular" os Railwaymen ficaram com a sétima posição e se garantiram nos play-offs. Mas não foi só isso. À esta altura o Alex somava um total de 16 jogos sem perder. Comparando este dado ao número de derrotas consecutivas no início da Liga (5), fica evidente o grau de evolução da equipe dentro da competição.

Tamanha guinada se deve, principalmente, a certos "pratas da casa" que foram espetaculares no returno. O principal deles, sem dúvida, é o garoto Nick Powell. O winger, que marcou na final dos play-offs contra o Cheltenham, ganhou ainda mais espaço com Davis e anotou impressionantes 17 gols em 34 jogos. Esta cifra o fez, inclusive, ser transferido para o Manchester United.

Mas a verdade é que seu protagonismo em jogos tidos como complicados foi impressionante. Pese a sua pouca idade -18 anos- ele chamava o jogo e decidia em situações extremas. Isso só deixa evidente o quão boa é a base do Crewe. Nada de propaganda enganosa.

Há dois nomes que merecem ser destacados juntos, pois atuam lado a lado e se completam: Luke Murphy e Ashley Westwood. Os centre midfielders deram um show à parte nos jogos do Alex e foram simplesmente perfeitos. Enquanto o primeiro se encarregava mais da marcação, o segundo aparecia por vezes próximo à área dos rivais. Ambos foram fundamentais nos dois jogos contra o Southend.

É fato que Moore começou a League Two marcando muitos gols, mas algo estranho aconteceu: justamente quando o time passou a melhorar, ele caiu drasticamente de produção. Foi banco durante várias rodadas, mas por fim voltou a ocupar seu posto de "9". Entretanto, quem já vinha se destacanto no ataque do Crewe era mais um atleta da base (sim, outro!), AJ Leitch-Smith. O veloz atacante anotou 9 gols e caiu nas graças do torcedor.

E o melhor, Davis armou isso tudo dentro de um belo 4-4-2 ortodoxo. Mostrou que o pragmatismo não é obra de todos os britânicos. Agora ele precisa mostrar isso e um pouco mais na League One. Sua vida não vai ser nada fácil, principalmente depois da saída de Powell, mas se conseguir manter uma regularidade semelhante a da reta final da temporada 2011-2012, seguramente vai tornar a terceira divisão ainda mais competitiva.

Por Gilmar Siqueira

Bipolar histórico

por Lucas Leite dia sexta-feira, 22 de junho de 2012 às 18:25

Sergio Torres foi o remanescente do ataque arrasador da Conference
(Divulgação/Crawley)
Após analisar West Ham e Huddersfield durante a semana, o Football League Brasil conta o que de melhor aconteceu na temporada de altos e baixos do Crawley Town, terceiro colocado da League Two.

Depois da campanha impecável que culminou no título da Conference, era de se esperar que o Crawley chegasse forte para a disputa de seu segundo a cesso consecutivo. O que ninguém poderia prever, entretanto, era o início arrasador na quarta divisão.

Bastaram quatro rodadas para que os Red Devils assumissem a liderança. Nem um acidente de percurso contr o Morecambe foi suficiente para impedir que o Town atingisse uma série de 13 partidas sem perder e terminasse o primeiro turno com impressionantes 15 vitórias.

No entanto, os comandados de Steve Evans não conseguiram manter a regularidade em 2012. Prejudicado pelas saídas de Matt Tubbs e Tyrone Barnett (que, apesar de ter saído em fevereiro garantiu seu lugar no time da temporada da League Two), a equipe começou a desperdiçar pontos bobos, sendo ultrapassada por Swindon e Shrewsbury. Como se não bastasse, Southend e Torquay também entraram na briga pelo terceiro posto da League Two.

Foi então que o técnico viu uma luz no fim do túnel: Gary Alexander. Obviamente, o experiente atacante - contratado por empréstimo junto ao Brentford - não marcou a mesma quantidade de gols da dupla anterior, mas nem por isso ele deixou de ser importante. Com dois gols diante do Port Vale, Alexander foi o principal responsável pela transição de sete jogos sem vitórias para quatro triunfos consecutivos, sendo o último dele em uma verdadeira batalha campal contra o Bradford.

As coisas pareciam estar voltando ao seu eixo, contudo, uma notícia pegou todos de surpresa: há seis rodadas do fim da campeonato, Steve Evans decidiu trocar os Red Devils pelo Rotherham, mesmo sabendo que os Millers sequer tinham chance de lutar por uma posição na zona dos play-offs.

Com o fim da League One batendo à porta, a diretoria optou por promover Craig Brewster, que mesmo perdendo para o Hereford na penúltima rodada garantiu o acesso dramático diante do Accrington.

O Crawley Town está preparado para a League One?

Esse é, sem dúvida, o maior desafio da história do clube e o elenco precisa ser reforçado caso queira surpreender novamente. Além da mantenção dos excelentes Kyle MacFadzean e Sergio Torres, o recém-contratado Sean O'Driscoll deve priorizar as contratações de um atacante e um goleiro para fazer sombra a Scott Shearer.

Por Lucas Leite

Guiado por Rhodes, Huddersfield retorna à Championship

por Lucas Leite dia quarta-feira, 20 de junho de 2012 às 15:31

Alex Smithies: herói imporvável (Reprodução/Mirror)
Depois de analisar a temporada do West Ham, o Football League Brasil volta suas atenções para o Huddersfield, que superou a perda na final dos play-offs em 2010/2011 para, também via pós-temporada, garantir seu acesso à Championship.

Apontado como favorito desde o início da competição, os Terries começaram oscilantes, empatando suas três primeiras partidas. Contudo, quatro vitórias - incluindo um 3x0 contra o Sheffield United - nos próximos cinco jogos foram suficientes para devolver a confiança à torcida e colocar a equipe em terceiro na tabela. 

O Huddersfield, no entanto, não conseguia manter uma sequência de triunfos, permitindo assim que o Charlton ampliasse sua vantagem na liderança. Enquanto os Addicks esbanjavam eficiência para conquistar os três pontos, o Town ampliava sua sequência sem derrotas (que viria a ser história), mas perdia pontos bobos pelo caminho. 

Sequência esta, que começou ainda em 2010/2011, com um empate ante o Carlisle e que terminou apenas diante do Charlton, num embate pelas primeiras colocações durante essa temporada

Com a derrota em Londres veio também a desconfiança no trabalho de Lee Clark, que se manteve por mais 11 jogos, mas acabou sendo demitido após perder outro confronto direto, desta vez contra o Sheffield United. 

Contestada por alguns, a decisão se mostrou acertada ao fim da campanha. Apesar do início irregular, Simon Grayson, que fora demitido do Leeds na semana anterior à saída de Clark, correspondeu às expectativas. 

Durante os meses em que esteve à frente do Town, Grayson obteve sete vitórias e cinco empates na "temporada regular", mas foi durante os play-offs que o técnico mostrou porque tem promoções com Blackpool e Leeds em seu currículo. 

Nas semi-finais, o time de Yorkshire não tomou conhecimento do MK Dons e, mesmo fora de casa, venceu de forma convincente para depois administrar a vantagem em seus domínios. A única baixa dos embates foi o experiente goleiro Ian Bennett, que quebrou o dedo após impedir que Bowditch marcasse. 

Os 3x2 no placar agregado foram suficientes para colocar o Huddersfield na grande final em Wembley, diante do Sheffield United. Entretanto, 120 minutos de bola rolando não foram suficientes para definir um vencedor e a partida foi decidida nos pênaltis, onde brilhou a estrela do jovem Alex Smithies. O arqueiro defendeu duas cobranças e converteu a última, para a euforia do lado azul nas arquibancadas. 

Jordan Rhodes, um capítulo à parte

Impossível não condicionar o acesso
a ele. (Divulgação/H2xdesign)

Ainda desconhecido do grande público, Jordan Rhodes tratou de se apresentar em 2011/2012.

Esbanjando velocidade e técnica, o melhor jogador da League One na temporada se transformou na sensação das divisões inferiores da Inglaterra, atraindo inclusive o interesse de grandes clubes da Championship e da Premier League.

Com média de quase um gol por jogo, o escocês provou que a League One era pequena demais para ele com atuações impensáveis, como no empate contra o Sheffield Wednesday e na goleada sobre o Wycombe, onde o camisa 17 anotou, respectivamente, quatro e cinco gols.

De quebra, os 40 tentos em 2011/2012 fizeram de Rhodes o jogador que mais vezes balançou as redes pelo Huddersfield em uma única temporada.

O que esperar do Huddersfield na próxima temporada?

Após 11 anos longe dos dois primeiros níveis do futebol inglês, o objetivo inicial do Huddersfield deve ser a permanência na Championship. No entanto, os Terries podem sonhar com voos mais altos, caso consigam reforçar o meio campo e manter os excelentes Jordan Rhodes e Lee Novak no setor ofensivo.

Por Lucas Leite

Mais uma vitória do "Allardysmo"

por Gilmar Siqueira dia segunda-feira, 18 de junho de 2012 às 18:56

Allardyce e Vaz Tê.
Há poucos dias o Football League Brasil contou como foi a campanha do Shrewsbury, vice-campeão da League Two, e agora chegou a vez de falar do West Ham, que garantiu seu retorno à Premier League uma temporada depois de ser rebaixado.

Antes mesmo de a bola rolar na Championship, os Hammers eram considerados os máximos favoritos ao título. E com razão. O time londrino já tinha um elenco forte e, pese o fato de perder Scott Parker, contratou Kevin Nolan, junto ao Newcastle. Este motivo somado a "ameaça" do fair-play financeiro fizeram os jogadores considerarem uma volta à Premier como obrigação.

A missão de comandar este interessante plantel e devolver os Hammers à máxima categoria do futebol inglês ficou a cargo do experiente Sam Allardyce, que vinha de uma estranha demissão no Blackburn. Assim que ele chegou prometeu o acesso e, por incrível que pareça, um futebol vistoso. Digamos que ele cumpriu a parte possível da promessa já que, cá entre nós, não é muito fácil de imaginar um time dirigido por Big Sam jogando um futebol empolgante.

Mesmo se mantendo nas primeiras posições durante boa parte do primeiro turno, o West Ham foi bastante contestado por não garantir a liderança. A verdade é que muitos esperavam que a equipe londrina tivesse uma vida menos complicada. Ninguém poderia imaginar que o Southampton de Nigel Adkins fosse ser tão brilhante assim, ocupando o topo da Championship por muitíssimas rodadas.

Em determinado momento a torcida chegou a pedir sua demissão. A principal crítica já não se concentrava nos resultados, mas sim no estilo de jogo. Alguns chegaram a declarar que "o West Ham era um time de futebol e precisava jogar com a bola no chão", isso porque Allardyce -como bom treinador pragmático que é- adorava insistir nas bolas alçadas.

Se queriam criticar a escolha de Sullivan e Gold, que o tivessem feito antes. Absolutamente todos que seguem o futebol inglês sabem que Sam Allardyce é um admirador passional do futebol britânico "clássico" e do jogo mais direto. Gostando ou não, foi assim que ele conseguiu bons resultados em sua carreira e foi exatamente assim que ele fez seu West Ham jogar.

No returno, quando tudo parecia insustentável, ocorreu uma mudança vital: os Hammers voltaram a vencer. Certo que com gols aos 90 minutos, mas ao menos sonhou outra vez com o título e, sobretudo, com a possibilidade de acesso. Injustiças à parte, o West Ham do returno foi um pouco mais interessante do que o do primeiro turno, isso por causa de suas contratações. 

Sam Baldock veio do MK Dons e até começou bem, mas aos poucos seu rendimento caiu e ele terminou a campanha no banco de suplentes. Contudo, o principal dos reforços foi o do português Ricardo Vaz Tê. Ele  "se encaixou como uma luva" no esquema de Allardyce. Inicialmente foi escalado ao lado de Carlton Cole e a posteriori foi deslocado para o flanco esquerdo, onde seu rendimento se mostrou ainda mais notável. Pontos para o treinador.

Como nem tudo é perfeito, os olhos críticos outra vez se voltaram para a equipe londrina, haja vista que a classificação para os play-offs não era o objetivo que mais agradava a torcida. Contudo, os Hammers outra vez se saíram muito bem passando pelo Cardiff City e vencendo o Blackpool na final.

"A tarefa agora é manter o West Ham na Premier League", salientou Allardyce, que há 11 anos promoveu o Bolton em condições semelhantes. A verdade é que, dentre os três que subiram, o West Ham é o time que mais transmite solidez e confiança. E mais uma vez, aos trancos e barrancos, o Allardysmo prevaleceu.

Por Gilmar Siqueira 

Finalmente, o topo

por Gustavo Rodrigues de Vargas dia sábado, 16 de junho de 2012 às 14:51

Mais do que o acesso, o clube fez bonito também em copas nacionais
Depois de analisar as campanhas dos vice-campeões da Championship e League One durante a semana, o blog volta suas atenções para a temporada do Shrewsbury Town, segundo colocado da League Two.

Na temporada anterior, o Shrewsbury bateu na trave. Realizando uma boa campanha, chegou até a última rodada com chances reais de terminar entre os três primeiros colocados, compondo o grupo das equipes que conseguem a vaga de forma direta à League One. Com apenas um ponto de diferença do terceiro colocado Wycombe, os Blues tiveram de disputar o play-off contra o Torquay United. Apesar de ter terminado a fase inicial à frente de seu rival, acabou derrotado no confronto direto. Ciente de que o plantel era capaz de evoluir para a temporada seguinte, boa parte dos atletas permaneceram, além do técnico Graham Turner.

A aposta deu certo. Junto à manutenção das peças, veio o tão sonhado acesso. Com uma campanha de 26 vitórias em 46 jogos, o diferencial acabou sendo o entrosamento do time, que demonstrou o mesmo padrão tático e a mesma eficiência da temporada anterior. Turner foi o mentor dessa forma de jogar, privilegiando a defesa, um dos pontos determinantes para essa boa campanha.

Paralelo à League Two, o Shrewsbury disputou FA Cup e Carling Cup, e foi aos poucos demonstrando o que era capaz. O time eliminou Swansea e Derby County na Carling Cup (o primeiro disputa a Premier League, o segundo a Championship), sendo eliminado apenas pelo Arsenal, já na terceira fase. Na FA Cup, passou por Newport County e Rotherham United, mas novamente caiu na terceira fase, desta vez para o Middlesbrough. O fato de ter encarado de igual para igual o adversário, mesmo jogando fora de casa, não evitou o placar adverso de 1-0. Apesar da derrota, a impressão foi boa, dando a entender que o time tinha condições de aspirar novamente uma vaga à terceira divisão nacional.

Time equilibrado é o diferencial

Campanha consistente garantiu o acesso dos Blues
Levando em conta a “fartura” de opções, é complicado afirmar que um atleta levou o time nas costas durante o campeonato inteiro, ou que apenas um deles rendeu mais que os outros. Confiando em um time equilibrado - que pensava primeiro em manter a solidez defensiva, e depois jogar com qualidade em seu ataque -, Turner montou uma equipe forte em todos os setores. Como se não bastasse, acertou com reforços pontuais, que mais tarde justificaram o investimento. Sem dúvida, o jogador que mais se adequou à filosofia do clube foi o lateral-esquerdo Joe Jacobson, contratado junto ao Accrington Stanley. O capitão das seleções de base do País de Gales acabou como um dos jogadores que mais participaram do campeonato, tendo disputado 37 partidas. De quebra, fez o torcedor esquecer-se de Matt Sadler, um dos principais jogadores do clube na temporada passada, que optou por defender o Walsall.

Assim como o galês, todos que passaram pela defesa dos Blues foram eficientes, tornando-o a segunda melhor do campeonato, sofrendo apenas 32 gols. O goleiro Chris Neal atuou na maioria das vezes, e foi um dos destaques. Quando esteve ausente, foi bem substituído por Ben Smith. A defesa central, que tão bem fez seu papel neste ano, passará por mudanças para a próxima temporada. O zagueiro Shane Cansdell-Sherriff ganhou notoriedade pelos importantes gols que marcou (4), todos decisivos para a campanha do acesso. Porém, o australiano saiu como free agent ao final da temporada para o Preston North End, clube que disputa a League One. Seu companheiro, o capitão Ian Sharps, foi mais um a deixar o clube, assinando com o Rotherham.

Mesmo com o destaque sendo o baixo número de gols sofridos, o time possuía enorme qualidade para armar os lances ofensivos. Nicky Wroe (4 gols em 37 jogos disputados), ex-Barnsley, foi o que mais se destacou diante deste bom conjunto, e também rumou para o Preston. Junto a ele, um velho conhecido da torcida: Lionel Ainsworth, que fora contratado pelo Burton Albion, mas repassado ao Shrewsbury, mostrou mais uma vez sua importância, tornando-se peça fundamental no segundo turno, quando a campanha de acesso foi consolidada. 

Além deles, os quase sempre presentes Mark Wright e Matt Richards formaram um bom meio campo, com muita combatividade. Quando Graham Turner procurava uma maior velocidade em seu ataque, optava pelo jovem Jon Taylor, de 19 anos. O jogador entrou diversas vezes durante a temporada, e também conseguiu destaque.

O fato de contar com bons jogadores no setor ofensivo ajudou o time na busca pelas primeiras posições, com a expressiva marca de 66 gols marcados. James Collins, que desde o ano passado veste a camisa dos Blues, marcou 14 gols, tornando-se o artilheiro máximo do time. Foi dele o gol que garantiu o acesso do Shrewsbury, na magra vitória de 1-0 sobre o Dagenham & Redbridge. Seus companheiros de ataque, Terry Gornell e Marvin Morgan, assinalaram 18 gols juntos, ajudando a aumentar os números. 

Morgan, aliás, era um antigo sonho do treinador, que queria contratá-lo ainda na temporada passada. Como o negócio não foi efetivado, o clube acertou à época com Matt Harrold, que deixou a desejar, marcando apenas cinco golzinhos. Terry Gornell foi mais um atleta proveniente do Accrington Stanley e, bem como Jacobson, foi fundamental. Ele chegou como uma aposta, mas acabou se tornando uma peça essencial para a vitoriosa campanha.

Por Gustavo Rodrigues de Vargas

Sheffield Wednesday, a história retorna

por Lucas Leite dia sexta-feira, 15 de junho de 2012 às 14:19

Dave Jones foi fundamental para o acesso (Divulgação/Sheffield Wed)
Depois da análise de Peter A. Linhem sobre a temporada do Southampton, o blog abre espaço para José Sousa Murillo* contar o que de melhor - e pior - aconteceu no ano do Sheffield Wednesday, vice-campeão da League One.   

Foi uma temporada muito difícil para os Owls, que chegaram a trocar de treinador depois de uma péssima sequência de jogos de Gary Megson, mas que teve um final feliz. O Wednesday venceu uma luta ferrenha contra o rival Sheffield United - que, no fim das contas, deixou a promoção escapar na disputa de pênaltis contra o Huddersfield, pela final dos ply-offs - e retornou à Championship após duas temporadas.

O ano não começou como esperado e, após terminar 2010/2011 de forma decepcionante, as chegadas de jogadores experientes, como Ryan Lowe, David Pruton e Julian Bennett, e de promessas como Chris O'Gready, foi suficiente para animar os torcedores, que lotaram o Hillsborough durante toda a campanha.

Contudo, Gary Megson não soube como conduzir a equipe e, mesmo após vencer o Steel City Derby, acabou demitido depois de dois meses muito irregulares, onde o Wednesday chegou a deixar a zona dos play-offs. Para o seu lugar, Milan Madaric agiu rápido e trouxe Dave Jones, ex-Wolverhampton e Cardiff City.

A chegada de um novo treinador de cara melhorou o astral da equipe, que terminou invicta (10 vitórias em 12 jogos) sob a batuta de Jones, vencendo por vezes de forma arrasadora, qualquer que fosse o rival, sem se importar com sua colocação.

O bom momento pode ser sentido a cinco rodadas do fim, que o Wednesday se encontrou a apenas quatro pontos do vice-líder Sheffield United. Como se não bastasse, a prisão de Ched Evans, condenado a cinco anos por estupro, mudou o rumo das coisas.

Sem seu principal jogador, os Blades sentiram demais a falta de uma referência no ataque, enfrentando uma sequência de maus resultados que culminou na perda da vice-liderança a uma rodada do fim. Em vantagem na tabela bastou ao Wednesday bater o já rebaixado Wycombe para comemorar a promoção em meio a um Hillsborough lotado.

O que a próxima temporada reserva ao Sheffield Wednesday?

Será uma temporada em que o objetivo principal, pelo menos a princípio, deve ser a permanência na Championship, mas a verdade é que o Sheffield Wednesday vem se reforçando: Chris Kirkland chegou para ocupar um lugar entre as traves e Miguel Llera, jogador mais importante da equipe na temporada ao lado de Jose Semedo, foi contratado em definitivo. Pode ser um ano inesquecível e Dave Jones tem a chave para isso.

*Natural de La Pobla Llarga, José Sousa Murillo é fanático pelo futebol inglês, especialmente pelo Peterorough. Visite o seu blog (em espanhol) e sigá-o no twitter.

The Saints are coming

por Lucas Leite dia segunda-feira, 11 de junho de 2012 às 19:46

Lambert, ao fundo, guiou os Saints para outra promoção (Divulgação/BBC)
Depois de analisar as temporadas dos campeões da Championship, League One e League Two, o blog se volta para os segundos colocados. A primeira equipe a ser dissecada é o Southampton, vice-campeão da Championship, e o encarregado disso é o convidado mais do que especial Peter Linhem*.

Para mim, que começou a acompanhar o futebol inglês no início do Século XXI, o Southampton é um time de Premier League. Eles, Charlton, Coventry, Norwich e Crsytal Palace, só para listar alguns. Não me baseio em títulos, tamanho de torcida, média de público ou temporadas na primeira divisão, critérios normalmente utilizados para definir quem é ou não "merecedor" de ser uma equipe de Premier League.

Com isso, algo em mim quer dizer que o Southampton "voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído", com o perdão do clichê repetitivo. Ainda mais depois da forma como os Saints deixaram a primeira divisão.

Mas esse não é o Southampton de Le Tissier, o "exército vermelho e branco de Gordon Strachan", ou mesmo o time desonrado do ex-técnico do Portsmouth, Harry Redknapp.

Eles ainda tem resquícios dessas equipes lembradas. Suas categorias de base ainda produzem jogadores talentosos, seu uniforme ainda é vermelho e branco e eles ainda jogam no The Dell. Ah, não? Jogam no St Mary's? Bem, isso não importa tanto.

Quem precisa de Mourinho quando nós temos um fisioterapeuta

O técnico responsável pelo Southampton desde os dias difíceis na League One é Nigel Adkins, um ex-goleiro que se tornou fisioterapeuta no Scunthorpe, antes de assumir um lugar no banco de reservas do clube. Foi em Scunthorpe onde os torcedores começaram a cantar "Quem precisa de Mourinho quando nós temos um fisioterapeuta", deixando as partidas ainda melhores.

Como técnico do Iron, Adkins conquistou duas promoções. A primeira em 2006/2007, quando eles foram campeões da League One, e a segunda promoção dois anos depois, após retornar à terceira divisão. Seu último grande feito no Scunthorpe foi evitar, de forma surpreendente, outro rebaixamento para a League One em 2009/2010, antes de assumir o Southampton no início da temporada seguinte.

Nos Saints, coube a ele substituir o agora badalado Alan Pardew, do Newcastle, demitido após um início ruim de temporada, mas, principalmente, por problemas pessoais com o então presidente Nicola Cortese.

Sua checada causou enorme expectativa, com a maioria das pessoas esperando que o Southampton vencesse a liga com facilidade, após terminar a temporada anterior como campeão da Johnstone's Paint Trophy e a apenas sete pontos da zona dos play-offs, mesmo começando a competição com dez negativo devido a problemas financeiros.

E ele correspondeu, conquistando o acesso logo em sua primeira temporada com um segundo lugar, atrás apenas do Brighton. Rickie Lambert marcou uma enormidade de gols, a defesa foi a menos vazada e Adam Lallana fez coisas tão incríveis com a bola nos pés que poderia ser confundido com um brasileiro, tamanha sua habilidade.

A chama foi mantida na Championship

As opiniões sobre como o Southampton se sairia na Championship foram divididas. Poderia me sentir inclinado por essa retorspectiva, mas eu não me lembro de muitos apontando uma baixa colocação durante a pré-temporada. Outros acreditavam que o Southampton seguiria o exemplo do Norwich, conquistando duas promoções consecutivas e aqueles, mais cuidadosos como eu, pensavam que eles terminariam de forma honrosa, ocupando uma posição no meio da tabela.

Mas "cuidado" não é o adjetivo apropriado para descrever o Southampton. Já na segunda rodada eles haviam ocupado o topo da tabela e, alguns jogos depois, já haviam se consolidado na zona de promoção automática, deixando o Top Two em apenas três rodadas durante toda a competição.

Contudo, sua colocação não era tão impressionante quanto o nível das atuações. Eles jogavam um futebol ofensivo enquanto o jogo ainda não estava decidido e tinham disciplina tática para manter o resultado. Prova disso, foi o fato deles terem terminado o campeonato com o melhor ataque e, juntamente com Reading e Hull City, a melhor defesa.

Mais uma vez, o grande destaque do time foi Rickie Lambert. O grandalhão marcou e lutou contra os defensores adversários, assim como Grant Holt e Andy Carrol fizeram nas respectivas promoções de Norwich e Newcastle, nas temporadas anteriores. Lambert, por outro lado, superou os demais e terminou a temporada como artilheiro da divisão, com 27 gols.

Como Grant Holt, não são apenas os gols que chamam a atenção, mas também o número de assistências (14) e a importância desses tentos, que geralmente garantiam a vitória ou ajudavam a equipe a reagir, quando se encontrava atrás do marcador. Se você também levar em consideração o fato dele ser um ex-jogador da League Two e ter começado a carreira tardiamente, você pode rotulá-lo como o "novo Grant Holt", apesar de que Holt se parece com um Senhor (pelo menos parecia, com seu "bigodão") e Lambert parece com uma criatura maior, como as que habitavam a terra milhões de anos atrás.

As semelhanças não param por aí, já que Lambert e Holt ainda tem outra coisa em comum: um fiel escudeiro. Se Holt contava Hoolahan, Lambert é auxiliado por Adam Lallana, um meia criativo, que atua principalmente no lado esquerdo do campo, mas que frequentemente aparece pelo centro, se aproveitando dos espaços abertos pelo atacante. Nem o fato dele ter ultrapassado 10 gols e assistências chamaram tanto a atenção quanto seus dribles e habilidade com a bola, algo raro para um jogador inglês.

Outros jogadores que merecem destaque são os laterais Frazer Richardson e Danny Fox, que não marcaram, mas contribuiram com quase uma dúzia de assistências cada para Lambert e companhia. Guly do Prado, brasileiro que atuou na Itália antes de se encontrar no sul da Inglaterra, também foi um coadjuvante muito eficiente, contribuindo com gols e assistências em sequência.

O goleiro Kelvin Davies, que apareceu no time da temporada depois de contabilizar 18 clean sheets, foi auxiliado por José Fonte e Jos Hooiveld, sendo o último mortal em jogadas de bola parada, anotando seis gols durante a campanha.

O que o futuro reserva para o Southampton Football Club?

É uma pergunta que me fazem em todo lugar e qualquer resposta para isso é intrigante. Eu estou confiante que eles possam replicar o sucesso de Norwich e Swansea e, com o Southampton sendo um dos - talvez o melhor - melhores formadores de atletas do futebol britânico, podemos esperar que mais jogadores sejam revelados e que eles tenham mais forças para segurá-los do que quando Bale, Walcott e Oxlade-Chamberlain surgiram.

Um garoto que já vem sendo trabalhado para se juntar aos três citados acima é James Ward-Prowse (o nome duplo é obrigatório na academia dos Saints). Ele ainda não fez sua estreia nas ligas principais, mas jogou duas vezes pela Copa da Liga Inglesa, contra Crystal Palace e Coventry, chegando a marcar contra os Sky Blues.

A minha e as nossas expectativas para o Southampton na próxima temporada não deveria ser rivalizar com Norwich e Swansea, mas com maiores recursos (categorias de base, estádio maior, etc) eles tem potencial para se estabelecer novamente na Premier League.

*Peter A. Linhem é sueco e tem enorme interesse por futebol inglês, especialmente pelas divisões da Football League. Visite o seu blog (em sueco) siga-o no twitter.

#ModoRottweilerOn

por Gilmar Siqueira dia sexta-feira, 8 de junho de 2012 às 21:46

Di Canio e o capitão Paul Caddis
Este título parece um tanto absurdo. E realmente é. Mas quem acompanhou o Swindon de perto ao longo da temporada sabe o por quê desta escolha. Em uma de suas memoráveis declarações, o treinador Paolo Di Canio comparou seus jogadores a Chihuahuas e Rottweilers de acordo com seu rendimento em campo. Excentricidades à parte, ele guiou o time ao título da League Two.

Tal conquista não chegou a ser um absurdo. Mesmo antes de a campanha começar todos apontavam o Swindon como um dos favoritos, no mínimo, ao acesso à League One. Portanto, a chegada do polêmico italiano ao banco de reservas da equipe para seu primeiro trabalho como treinador foi o grande atrativo. Simpatizante das ideias do Duce, o simples fato de sua confirmação no clube já fez um patrocinador os abandonar. Era só o começo.

Contudo, o presidente Jeremy Wray mostrou seu incondicional apoio a Di Canio desde o início, fato que se mostrou fundamental ao longo da campanha. O ex-jogador do West Ham, que estava trabalhando como comentarista na Itália, sofreu um pouco no começo. Teve dificuldades para armar o time e foi duramente criticado. Mas era mesmo falta de prática. Isso ficou evidente a partir da segunda metade -ainda do primeiro turno- quando o Swindon passou a ser mais efetivo e aproveitou-se dos constantes tropeços de Crawley e Southend para ganhar posições e sonhar com o título.

Tendo dois laterais apáticos e atacantes que mais pareciam cones, a principal estratégia do italiano para melhorar a capacidade de criação da equipe foi utilizar os chamados inverted wingers, meias de "pé trocado" que atuam nos flancos cortando para o meio em busca de boas jogadas ou finalizações. Deu muito certo. Tanto que Matt Ritchie foi disparado o melhor da temporada, anotando 11 gols. Ademais, o recuo de Raffaele De Vita também se mostrou outra medida bastante inteligente (até que ele se lesionou e caiu de produção no returno).

Mas nem tudo foi perfeito para os Robins. Mesmo com esta grande ascensão e já no primeiro posto da League Two, os comandados de Di Canio perderam a final do Johnstone's Painty Trophy para o Chesterfield, provocando a ira do italiano. Como polêmica pouca é bobagem, o treinador ainda se envolveu em uma briga com Leon Clarke, que saiu da equipe pouco depois. Na troca de farpas com Steve Evans disse o seguinte: "Eu ri na cara de 70 mil torcedores do Manchester United quando marquei, você pode imaginar o quão preocupado estou por ouvir críticas de alguém que nem conheço".

Até o momento o maior foco desta postagem foi Paolo Di Canio. E não poderia ser diferente. Mesmo nos momentos mais difíceis do Swindon, onde ele criticava abertamente os jogadores e inclusive os obrigava a pedir desculpas em público, ele atraia toda a atenção para si, blindando (propositalmente?) seus atletas, que puderam aceitar da melhor forma possível a pressão e grande cobrança da apaixonada torcida do Swindon.

Alguns podem -e realmente irão- criticar sua metodologia de trabalho. Mas o que não pode nunca deixar de ser ressaltado é que ele arrancou o melhor possível de seu plantel. Como se não bastasse isso, foi muito profissional. No espaço de dois meses perdeu sua mãe e seu pai, mas esteve presente na reta final da temporada antes de viajar para a Itália e ficar com sua família.

Agora o foco é a League One. Jeremy Wray sabe que renovando até 2015 com Paolo Di Canio ele cumpriu apenas a primeira de muitas tarefas. Se o elenco dos Robins por muitas vezes se mostrou "enxuto" na League Two, alguns nomes precisarão ser contratados para que o fantasma do "fundo da Football League" não bata à porta do Swindon Town outra vez em 2012-2013.

Vale lembrar que o Football League Brasil começou uma série de postagens sobre as equipes que garantiram acessos em suas respectivas divisões. Já falamos sobre Reading e Charlton, campeões da Championship e League One, respectivamente.

Por Gilmar Siqueira

The Red Birds (?)

por Gilmar Siqueira dia quinta-feira, 7 de junho de 2012 às 20:24

A mudança foi realmente radical.
Nesta quarta-feira (06) o Cardiff City divulgou um comunicado oficial onde anunciava a mudança na cor de seu uniforme de azul para vermelho e uma alteração também no escudo do clube, deixando o pássaro azul com menor destaque e colocando um dragão, como na bandeira do País de Gales. Esta foi parte de uma estratégia comercial dos donos malaios da equipe, que acreditam em uma "ampliação de mercado" na Ásia, onde o vermelho é muito popular. Ademais, eles prometeram um investimento de 100 milhões de libras.

Esta não é uma ideia recente. Os proprietários estavam pensando nisso muito provavelmente desde o começo da temporada, mas a informação acabou "vazando" de forma misteriosa no returno da Championship. Tamanha mudança gerou um enorme descontentamento por parte da torcida do time galês, que protagonizou intensos protestos. Tal revolta culminou em um comunicado emitido pelo presidente Dato Chan Tien Ghee, dizendo que graças ao descontentamento da torcida poucas modificações seriam feitas.

Boa parte da torcida galesa acreditou (exceto alguns ultras que seguiram protestando) e, com o tempo, a "poeira baixou". Aproveitando-se desta aparente tranquilidade o executivo-chefe Alan Whiteley informou que a cor do uniforme e o escudo haviam mudado, apenas o nome da equipe permaneceu o mesmo. Nas palavras dele "esta realmente foi uma mudança radical, mas eles (proprietários) acreditam que novas oportunidades serão abertas em mercados internacionais".

Para muitos foi quase uma chantagem do tipo "ou mudam a cor do uniforme para satisfazer nossa vontade ou nada de dinheiro". Eles sabem que a situação econômica dos Bluebirds (?) não é nada boa, e que 100 milhões poderiam fazer toda a diferença dentro e fora de campo. O próprio Whiteley fez menção à dívida que a equipe ainda tem com o ex-proprietário Sam Hammam, que gira em torno de 30 milhões.

Mas acreditem, esta foi a parte mais simples do problema. Agora os proprietários da Malásia vão ter de enfrentar a fúria dos torcedores do Cardiff, que estão se sentindo insultados. Mesmo com a injeção financeira eles veem como uma profanação à tradição do clube esta mudança tanto na cor quanto no escudo e planejam boicotes aos produtos oficiais e até mesmo a jogos do Cardiff.

Nas palavras de Ben Dudley, do "My Only Cardiff", o time "vendeu sua alma". Ele fez questão de ressaltar todos os prós e contras desta história e disse, com certa raiva, que os contras são bem maiores que os prós:

"Cardiff City jogou com uniforme azul por mais de 100 anos e passou a maior parte deste período com um pássaro azul em sua camisa. Isso será jogado fora porque um homem que, há 5 anos nem sabia da existência do time,  e pensa que deveríamos jogar de vermelho. Pior ainda, quem se atreve a falar contra esta profanação é ameaçado com uma possível liquidação do Cardiff. A principal tática de intimidação é dizer que a única maneira de o clube sobrevier é usando este dragão vermelho.

"Nós não fizemos nada sobre isso, e permitimos que a alma de nosso clube fosse vendida visando lucro comercial. Sei que nada posso fazer contra estas mudanças, nem espero que o time se preocupe com a minha opinião. O que posso fazer é deixar de frequentar os jogos do Cardiff em casa e não comprar produtos oficiais enquanto a cor do uniforme for o vermelho. A maior parte do dinheiro que ganhei em minha vida foi gasto com o Cardiff, e viajei inúmeros quilômetros só para ver o clube que amo. Vincent Tan relevou-se, como se ainda houvesse dúvida, que a lealdade no futebol é uma via de mão única".

Estas declarações de Dudley são fortíssimas e revelam a frustração de muitos torcedores do Cardiff, que se sentiram humilhados. Agora fica a pergunta para os donos do clube: será que vai valer a pena perder grande parte da torcida -e uma razoável quantidade de dinheiro- só para satisfazer sua vontade? 

Por Gilmar Siqueira

Ano perfeito devolve o Charlton à Championship

por Lucas Leite dia às 12:33

Powell e Kermorgant: dupla de sucesso (divulgação/zimbio)
Após analisar o campeão da Championship, o Football League Brasil continua sua série de matérias sobre as equipes promovidas. O time da vez é o Charlton Athletic, campeão da League One com todos os méritos.

Maior número de vitórias; menor de derrotas; defesa menos vazada. Nem mesmo o torcedor mais otimista poderia imaginar uma temporada tão perfeita! Após sofrer grandes reformulações, tanto na parte administrativa, quanto na parte técnica, os Addicks encontraram forças sob a batuta de um técnico até então inexperiente para transformar um início de 2011 decepcionante em uma temporada repleta de recordes quebrados.

Com incríveis 15 triunfos fora de casa, os Addciks ocuparam o posto mais alto da competição durante boa parte da temporada e, nem a sequência ruim do mês de março, foi suficiente para tirar o time de órbita. O ponto mais alto da campanha seu deu entre os meses de outubro e novembro, onde os comandados de Chris Powell implacaram seis vitórias consecutivas, sendo a última diante do Huddersfield, até então invicto a 43 jogos.

A regularidade foi mantida na virada de ano e, apesar de jogos dramáticos contra Carlisle e Wycombe, o Charlton garantiu, respectivamente, o acesso e o título do terceiro nível do futebol inglês. No jogo que coroou a temporada, mais de 25 mil torcedores lotaram o The Valley para acompanhar uma vitória de virada, que fez do Charlton o nono time a ultrapassar a marca centenária de pontos na história da League One.

A força do grupo foi essencial

Não restam dúvidas que Chris Powell merece muito crédito pelo título. Com contratações pontuais (Yann Kermorgant, Leon Cort, Paul Hayes, etc.) no início da temporada, o ex-lateral da seleção inglesa formou uma base sólida em todos os setores do campo. Foram tantos protagonistas, que definir um único destaque é flertar com o erro.
Embaixo dos postes, os Addicks foram muito bem representados por Ben Hamer. Apesar de se lesionar durante a temporada, o arqueiro fez jus à sua inclusão no time da temporada com fantásticos 18 clean sheets.

Hamer foi excepcional, mas contou com uma parede à sua frente. No miolo de zaga, Michael Morrison e Matt Taylor colecionaram atuações notáveis, assim como Leon Cort, contratado em definitivo em janeiro. Pela direita, Chris Solly tranformou sua baixa estatura (1,73) em disposição para marcar. Incansável, o jovem lateral se desdobrou na marcação, facilitando as subidas de Rhoys Wiggins, pelo flanco oposto. Durante os 45 jogos que esteve em campo, o galês usou e abusou de sua característica ofensiva, contribuindo com quatro assistências e um gol durante a campanha, número baixo pela quantidade de oportunidades criadas.

Na faixa do meio campo, coube a Danny Green a responsabilidade da criação das jogadas. Quase sempre atuando do lado direito, Green assistiu 10 vezes, além de anotar três gols durante a campanha. Pela faixa central, Dale Stephens e Scott Wagstaff corresponderam quando foi preciso, mas nenhum deles foi tão bom quanto Danny Hollands. Pai de trigêmeos, o volante foi sem dúvida um dos mais importantes da temporada, atacando e defendendo com a mesma qualidade.

Na esquerda, Johnnie Jackson formou uma dupla mortal com Wiggins. Segundo melhor jogador da temporada atrás apenas de Jordan Rhodes, o capitão dos Addciks foi senhor das bolas paradas, contribuindo com importantes gols de falta durante o ano.

Paul Hayes e Bradley Wright-Phillips - que mesmo sem marcar por dez jogos seguidos terminou como artilheiro do time - cansaram de ir às redes durante a temporada, no entanto, eles não tiveram o grau de importância de Yann Kermorgant. O francês, que jogou com Powell no Leicester, deixou sua marca 12 vezes nas 35 vezes que entrou em campo. Entre eles, um contra o Huddersfield e outro contra o Sheffield United, todos fundamentais para o título.

A tradição pode falar mais alto

Com a chegada de alguns reforços estratégicos e a manutenção de sua espinha-dorsal, o Charlton tem totais condições de repetir as campanhas recentes de Norwich e Southampton depois de três anos longe da Championship.

Por Lucas Leite

A Premier League terá outro grande treinador

por Gilmar Siqueira dia segunda-feira, 4 de junho de 2012 às 21:17

Anton Zingarevich e Sir John Madejski.
A partir dessa semana, o "Football League Brasil" começará uma série de postagens falando sobre os clubes que conseguiram acessos em suas respectivas divisões. Falaremos desde os times da Championship que irão à Premier League até os que entraram na TFL, passando pelos rebaixados da máxima divisão do futebol inglês. Para começar, nosso primeiro objeto de análise será o Reading, campeão da Championship.

Se nesta temporada Paul Lambert e Brendan Rodgers surpreenderam a todos no comando de Norwich e Swansea, em 2012-2013 seguramente muitos estarão boquiabertos com o brilhante Brian McDermott e seu Reading. Contudo, não foi nada fácil chegar à elite do futebol inglês. O próprio McDermott disse, após a derrota frente ao Swansea na final dos play-offs da passada Championship, que aquele havia sido um dos piores momentos de sua carreira.

Mas de uma forma excepcional os Royals, que começaram bastante cambaleantes a campanha 2011-2012, tiveram tamanha ascensão no returno que terminaram no topo da tabela, superando os fortes Southampton e West Ham. Na vitória sobre o Nottingham Forest, que os garantiu na Premier, sua invencibilidade chegou ao incrível número de 17 jogos. A partir daí, foi impossível para os Saints parar o time de Sir John Madejski.

O projeto Brian McDermott

McDermott foi efetivado pelos Royals em 2009, para substituir ninguém menos do que Brendan Rodgers, que ficou seis meses no banco de reservas da equipe e fez um péssimo trabalho. Mas, por incrível que pareça, ele também foi uma aposta. Considerado um "tampão" para muitos analistas da época. A verdade é que nos oito anos anteriores ele havia trabalhado apenas como olheiro do clube.

Por fim, terminou a temporada 2009-2010 na nona colocação e arrancou elogios de todos a seu redor. Foi sem dúvida um resultado notável após um fraquíssimo primeiro turno. E, como já mencionado, em 2010-2011 chegou à final dos play-offs e foi derrotado pelo Swansea. O mais interessante é como isso aconteceu. Nada de contratações bombásticas ou um estilo de jogo fascinante como de seus colegas Rodgers e Lambert. Ele apenas manteve a base dos anos anteriores, fez algumas alterações táticas e levantou a moral dos jogadores, que estava em baixa.

Ao fim da temporada sua ideia de conservar os principais nomes seguiu firme, mas a parece que a vontade de sair manifestada pelo capitão Matt Mills e por Shane Long foi maior. Para supri-los, nada de galáticos: chegaram Kaspar Gorkss, Adam Le Fondre e o experiente Jason Roberts. E acabou que os três foram fundamentais na campanha do título.

Os medalhões devem seguir

Nomes como Jem Karacan, Jobi McAnuff, Mikele Leigertwood, Simon Church, Jimmy Kebe, Adam Federici e Noel Hunt já são figuras carimbadas neste Reading. Segundo o próprio McDermott foram eles que fizeram o time funcionar. Portanto, as chances de acontecer uma renovação radical no plantel para a disputa da Premier são muito pequenas.

Federici é um goleiro excepcional e já foi especulado em vários clubes da Inglaterra e mesmo estrangeiros, mas ficou no Reading e deu no que deu; Leigertwood e Karacan formam um dupla de centre midfielders com qualidade absurda e quaisquer críticas depois desta temporada seriam exageradas; McAnuff foi um dos jogadores que deu mais assistências na Championship, mas estranhamente não é tão mencionado; Kebe é dotado de grande habilidade, mas passou boa parte da campanha lesionado e só voltou na reta final.

Outra "cartada" de McDermott bem sucedida foi a contratação de Jason Roberts. Ele chegou aos Royals em janeiro, marcou 6 gols, deu 5 assistências e já se converteu em ídolo no Madejski Stadium. Parece que a carreira de comentarista da BBC vai esperar um pouco mais.

Sob nova direção

Após 22 longos anos Sir John Madejski decidiu vender o Reading. Agora 51% das ações dos Royals pertencem ao bilionário russo Anton Zingarevich. Assim como todos os novos -e riquíssimos proprietários- ele prometeu investir em contratações. Mas não se assustem, torcedores do Reading.

Há várias razões para crer que o dono da Thames Sports Investiments não será mais um "Vladimir Antonov da vida". O principal destes motivos é que existem poucos proprietários tão responsáveis e apaixonados pelo clube quanto Sir John Madejski. Portanto, ele não venderia seu time para qualquer um. Ademais, Sir Madejski seguirá na presidência até 2014, quando decidirá ou não se aceitará um mandato vitalício.

"Eles (família Zingarevich) querem manter o mesmo espírito e não vão jogar dinheiro fora como marinheiros bêbados", declarou Madejski. Esta é mais uma prova de que precisaremos observar com muita atenção o Reading na Premier League.

Por Gilmar Siqueira