The Saints are coming

Lambert, ao fundo, guiou os Saints para outra promoção (Divulgação/BBC)
Depois de analisar as temporadas dos campeões da Championship, League One e League Two, o blog se volta para os segundos colocados. A primeira equipe a ser dissecada é o Southampton, vice-campeão da Championship, e o encarregado disso é o convidado mais do que especial Peter Linhem*.

Para mim, que começou a acompanhar o futebol inglês no início do Século XXI, o Southampton é um time de Premier League. Eles, Charlton, Coventry, Norwich e Crsytal Palace, só para listar alguns. Não me baseio em títulos, tamanho de torcida, média de público ou temporadas na primeira divisão, critérios normalmente utilizados para definir quem é ou não "merecedor" de ser uma equipe de Premier League.

Com isso, algo em mim quer dizer que o Southampton "voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído", com o perdão do clichê repetitivo. Ainda mais depois da forma como os Saints deixaram a primeira divisão.

Mas esse não é o Southampton de Le Tissier, o "exército vermelho e branco de Gordon Strachan", ou mesmo o time desonrado do ex-técnico do Portsmouth, Harry Redknapp.

Eles ainda tem resquícios dessas equipes lembradas. Suas categorias de base ainda produzem jogadores talentosos, seu uniforme ainda é vermelho e branco e eles ainda jogam no The Dell. Ah, não? Jogam no St Mary's? Bem, isso não importa tanto.

Quem precisa de Mourinho quando nós temos um fisioterapeuta

O técnico responsável pelo Southampton desde os dias difíceis na League One é Nigel Adkins, um ex-goleiro que se tornou fisioterapeuta no Scunthorpe, antes de assumir um lugar no banco de reservas do clube. Foi em Scunthorpe onde os torcedores começaram a cantar "Quem precisa de Mourinho quando nós temos um fisioterapeuta", deixando as partidas ainda melhores.

Como técnico do Iron, Adkins conquistou duas promoções. A primeira em 2006/2007, quando eles foram campeões da League One, e a segunda promoção dois anos depois, após retornar à terceira divisão. Seu último grande feito no Scunthorpe foi evitar, de forma surpreendente, outro rebaixamento para a League One em 2009/2010, antes de assumir o Southampton no início da temporada seguinte.

Nos Saints, coube a ele substituir o agora badalado Alan Pardew, do Newcastle, demitido após um início ruim de temporada, mas, principalmente, por problemas pessoais com o então presidente Nicola Cortese.

Sua checada causou enorme expectativa, com a maioria das pessoas esperando que o Southampton vencesse a liga com facilidade, após terminar a temporada anterior como campeão da Johnstone's Paint Trophy e a apenas sete pontos da zona dos play-offs, mesmo começando a competição com dez negativo devido a problemas financeiros.

E ele correspondeu, conquistando o acesso logo em sua primeira temporada com um segundo lugar, atrás apenas do Brighton. Rickie Lambert marcou uma enormidade de gols, a defesa foi a menos vazada e Adam Lallana fez coisas tão incríveis com a bola nos pés que poderia ser confundido com um brasileiro, tamanha sua habilidade.

A chama foi mantida na Championship

As opiniões sobre como o Southampton se sairia na Championship foram divididas. Poderia me sentir inclinado por essa retorspectiva, mas eu não me lembro de muitos apontando uma baixa colocação durante a pré-temporada. Outros acreditavam que o Southampton seguiria o exemplo do Norwich, conquistando duas promoções consecutivas e aqueles, mais cuidadosos como eu, pensavam que eles terminariam de forma honrosa, ocupando uma posição no meio da tabela.

Mas "cuidado" não é o adjetivo apropriado para descrever o Southampton. Já na segunda rodada eles haviam ocupado o topo da tabela e, alguns jogos depois, já haviam se consolidado na zona de promoção automática, deixando o Top Two em apenas três rodadas durante toda a competição.

Contudo, sua colocação não era tão impressionante quanto o nível das atuações. Eles jogavam um futebol ofensivo enquanto o jogo ainda não estava decidido e tinham disciplina tática para manter o resultado. Prova disso, foi o fato deles terem terminado o campeonato com o melhor ataque e, juntamente com Reading e Hull City, a melhor defesa.

Mais uma vez, o grande destaque do time foi Rickie Lambert. O grandalhão marcou e lutou contra os defensores adversários, assim como Grant Holt e Andy Carrol fizeram nas respectivas promoções de Norwich e Newcastle, nas temporadas anteriores. Lambert, por outro lado, superou os demais e terminou a temporada como artilheiro da divisão, com 27 gols.

Como Grant Holt, não são apenas os gols que chamam a atenção, mas também o número de assistências (14) e a importância desses tentos, que geralmente garantiam a vitória ou ajudavam a equipe a reagir, quando se encontrava atrás do marcador. Se você também levar em consideração o fato dele ser um ex-jogador da League Two e ter começado a carreira tardiamente, você pode rotulá-lo como o "novo Grant Holt", apesar de que Holt se parece com um Senhor (pelo menos parecia, com seu "bigodão") e Lambert parece com uma criatura maior, como as que habitavam a terra milhões de anos atrás.

As semelhanças não param por aí, já que Lambert e Holt ainda tem outra coisa em comum: um fiel escudeiro. Se Holt contava Hoolahan, Lambert é auxiliado por Adam Lallana, um meia criativo, que atua principalmente no lado esquerdo do campo, mas que frequentemente aparece pelo centro, se aproveitando dos espaços abertos pelo atacante. Nem o fato dele ter ultrapassado 10 gols e assistências chamaram tanto a atenção quanto seus dribles e habilidade com a bola, algo raro para um jogador inglês.

Outros jogadores que merecem destaque são os laterais Frazer Richardson e Danny Fox, que não marcaram, mas contribuiram com quase uma dúzia de assistências cada para Lambert e companhia. Guly do Prado, brasileiro que atuou na Itália antes de se encontrar no sul da Inglaterra, também foi um coadjuvante muito eficiente, contribuindo com gols e assistências em sequência.

O goleiro Kelvin Davies, que apareceu no time da temporada depois de contabilizar 18 clean sheets, foi auxiliado por José Fonte e Jos Hooiveld, sendo o último mortal em jogadas de bola parada, anotando seis gols durante a campanha.

O que o futuro reserva para o Southampton Football Club?

É uma pergunta que me fazem em todo lugar e qualquer resposta para isso é intrigante. Eu estou confiante que eles possam replicar o sucesso de Norwich e Swansea e, com o Southampton sendo um dos - talvez o melhor - melhores formadores de atletas do futebol britânico, podemos esperar que mais jogadores sejam revelados e que eles tenham mais forças para segurá-los do que quando Bale, Walcott e Oxlade-Chamberlain surgiram.

Um garoto que já vem sendo trabalhado para se juntar aos três citados acima é James Ward-Prowse (o nome duplo é obrigatório na academia dos Saints). Ele ainda não fez sua estreia nas ligas principais, mas jogou duas vezes pela Copa da Liga Inglesa, contra Crystal Palace e Coventry, chegando a marcar contra os Sky Blues.

A minha e as nossas expectativas para o Southampton na próxima temporada não deveria ser rivalizar com Norwich e Swansea, mas com maiores recursos (categorias de base, estádio maior, etc) eles tem potencial para se estabelecer novamente na Premier League.

*Peter A. Linhem é sueco e tem enorme interesse por futebol inglês, especialmente pelas divisões da Football League. Visite o seu blog (em sueco) siga-o no twitter.

Lucas Leite
segunda-feira, 11 de junho de 2012 às 19:46

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