#ModoRottweilerOn

Di Canio e o capitão Paul Caddis
Este título parece um tanto absurdo. E realmente é. Mas quem acompanhou o Swindon de perto ao longo da temporada sabe o por quê desta escolha. Em uma de suas memoráveis declarações, o treinador Paolo Di Canio comparou seus jogadores a Chihuahuas e Rottweilers de acordo com seu rendimento em campo. Excentricidades à parte, ele guiou o time ao título da League Two.

Tal conquista não chegou a ser um absurdo. Mesmo antes de a campanha começar todos apontavam o Swindon como um dos favoritos, no mínimo, ao acesso à League One. Portanto, a chegada do polêmico italiano ao banco de reservas da equipe para seu primeiro trabalho como treinador foi o grande atrativo. Simpatizante das ideias do Duce, o simples fato de sua confirmação no clube já fez um patrocinador os abandonar. Era só o começo.

Contudo, o presidente Jeremy Wray mostrou seu incondicional apoio a Di Canio desde o início, fato que se mostrou fundamental ao longo da campanha. O ex-jogador do West Ham, que estava trabalhando como comentarista na Itália, sofreu um pouco no começo. Teve dificuldades para armar o time e foi duramente criticado. Mas era mesmo falta de prática. Isso ficou evidente a partir da segunda metade -ainda do primeiro turno- quando o Swindon passou a ser mais efetivo e aproveitou-se dos constantes tropeços de Crawley e Southend para ganhar posições e sonhar com o título.

Tendo dois laterais apáticos e atacantes que mais pareciam cones, a principal estratégia do italiano para melhorar a capacidade de criação da equipe foi utilizar os chamados inverted wingers, meias de "pé trocado" que atuam nos flancos cortando para o meio em busca de boas jogadas ou finalizações. Deu muito certo. Tanto que Matt Ritchie foi disparado o melhor da temporada, anotando 11 gols. Ademais, o recuo de Raffaele De Vita também se mostrou outra medida bastante inteligente (até que ele se lesionou e caiu de produção no returno).

Mas nem tudo foi perfeito para os Robins. Mesmo com esta grande ascensão e já no primeiro posto da League Two, os comandados de Di Canio perderam a final do Johnstone's Painty Trophy para o Chesterfield, provocando a ira do italiano. Como polêmica pouca é bobagem, o treinador ainda se envolveu em uma briga com Leon Clarke, que saiu da equipe pouco depois. Na troca de farpas com Steve Evans disse o seguinte: "Eu ri na cara de 70 mil torcedores do Manchester United quando marquei, você pode imaginar o quão preocupado estou por ouvir críticas de alguém que nem conheço".

Até o momento o maior foco desta postagem foi Paolo Di Canio. E não poderia ser diferente. Mesmo nos momentos mais difíceis do Swindon, onde ele criticava abertamente os jogadores e inclusive os obrigava a pedir desculpas em público, ele atraia toda a atenção para si, blindando (propositalmente?) seus atletas, que puderam aceitar da melhor forma possível a pressão e grande cobrança da apaixonada torcida do Swindon.

Alguns podem -e realmente irão- criticar sua metodologia de trabalho. Mas o que não pode nunca deixar de ser ressaltado é que ele arrancou o melhor possível de seu plantel. Como se não bastasse isso, foi muito profissional. No espaço de dois meses perdeu sua mãe e seu pai, mas esteve presente na reta final da temporada antes de viajar para a Itália e ficar com sua família.

Agora o foco é a League One. Jeremy Wray sabe que renovando até 2015 com Paolo Di Canio ele cumpriu apenas a primeira de muitas tarefas. Se o elenco dos Robins por muitas vezes se mostrou "enxuto" na League Two, alguns nomes precisarão ser contratados para que o fantasma do "fundo da Football League" não bata à porta do Swindon Town outra vez em 2012-2013.

Vale lembrar que o Football League Brasil começou uma série de postagens sobre as equipes que garantiram acessos em suas respectivas divisões. Já falamos sobre Reading e Charlton, campeões da Championship e League One, respectivamente.

Por Gilmar Siqueira

Gilmar Siqueira
sexta-feira, 8 de junho de 2012 às 21:46

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