Powell e Kermorgant: dupla de sucesso (divulgação/zimbio) |
Maior número de vitórias; menor de derrotas; defesa menos vazada. Nem mesmo o torcedor mais otimista poderia imaginar uma temporada tão perfeita! Após sofrer grandes reformulações, tanto na parte administrativa, quanto na parte técnica, os Addicks encontraram forças sob a batuta de um técnico até então inexperiente para transformar um início de 2011 decepcionante em uma temporada repleta de recordes quebrados.
Com incríveis 15 triunfos fora de casa, os Addciks ocuparam o posto mais alto da competição durante boa parte da temporada e, nem a sequência ruim do mês de março, foi suficiente para tirar o time de órbita. O ponto mais alto da campanha seu deu entre os meses de outubro e novembro, onde os comandados de Chris Powell implacaram seis vitórias consecutivas, sendo a última diante do Huddersfield, até então invicto a 43 jogos.
A regularidade foi mantida na virada de ano e, apesar de jogos dramáticos contra Carlisle e Wycombe, o Charlton garantiu, respectivamente, o acesso e o título do terceiro nível do futebol inglês. No jogo que coroou a temporada, mais de 25 mil torcedores lotaram o The Valley para acompanhar uma vitória de virada, que fez do Charlton o nono time a ultrapassar a marca centenária de pontos na história da League One.
A força do grupo foi essencial
Não restam dúvidas que Chris Powell merece muito crédito pelo título. Com contratações pontuais (Yann Kermorgant, Leon Cort, Paul Hayes, etc.) no início da temporada, o ex-lateral da seleção inglesa formou uma base sólida em todos os setores do campo. Foram tantos protagonistas, que definir um único destaque é flertar com o erro.
Embaixo dos postes, os Addicks foram muito bem representados por Ben Hamer. Apesar de se lesionar durante a temporada, o arqueiro fez jus à sua inclusão no time da temporada com fantásticos 18 clean sheets.
Hamer foi excepcional, mas contou com uma parede à sua frente. No miolo de zaga, Michael Morrison e Matt Taylor colecionaram atuações notáveis, assim como Leon Cort, contratado em definitivo em janeiro. Pela direita, Chris Solly tranformou sua baixa estatura (1,73) em disposição para marcar. Incansável, o jovem lateral se desdobrou na marcação, facilitando as subidas de Rhoys Wiggins, pelo flanco oposto. Durante os 45 jogos que esteve em campo, o galês usou e abusou de sua característica ofensiva, contribuindo com quatro assistências e um gol durante a campanha, número baixo pela quantidade de oportunidades criadas.
Na faixa do meio campo, coube a Danny Green a responsabilidade da criação das jogadas. Quase sempre atuando do lado direito, Green assistiu 10 vezes, além de anotar três gols durante a campanha. Pela faixa central, Dale Stephens e Scott Wagstaff corresponderam quando foi preciso, mas nenhum deles foi tão bom quanto Danny Hollands. Pai de trigêmeos, o volante foi sem dúvida um dos mais importantes da temporada, atacando e defendendo com a mesma qualidade.
Na esquerda, Johnnie Jackson formou uma dupla mortal com Wiggins. Segundo melhor jogador da temporada atrás apenas de Jordan Rhodes, o capitão dos Addciks foi senhor das bolas paradas, contribuindo com importantes gols de falta durante o ano.
Paul Hayes e Bradley Wright-Phillips - que mesmo sem marcar por dez jogos seguidos terminou como artilheiro do time - cansaram de ir às redes durante a temporada, no entanto, eles não tiveram o grau de importância de Yann Kermorgant. O francês, que jogou com Powell no Leicester, deixou sua marca 12 vezes nas 35 vezes que entrou em campo. Entre eles, um contra o Huddersfield e outro contra o Sheffield United, todos fundamentais para o título.
A tradição pode falar mais alto
Com a chegada de alguns reforços estratégicos e a manutenção de sua espinha-dorsal, o Charlton tem totais condições de repetir as campanhas recentes de Norwich e Southampton depois de três anos longe da Championship.
Por Lucas Leite