Dario Gradi. |
Como sabem, o Football League Brasil vem fazendo análises das equipes que se destacaram na TFL. Depois de Huddersfield e Crawley Town, chegou a hora de falar sobre o time que tem uma das melhores categorias de base da Inglaterra, o Crewe Alexandra, que foi promovido à League One após vencer os play-offs.
O time do incrível Dario Gradi, que trabalha no Alexandra Stadium desde 1983, começou a temporada de forma muito irregular, fazendo do meio da tabela seu lugar quase que fixo durante o primeiro turno. As diferenças para o competitivo time da passada campanha eram grandes, e a dependência de Byron Moore tornava-se evidente a cada rodada.
Cinco derrotas consecutivas não eram aceitáveis e a cúpula da equipe passou a cogitar mudanças. A mais significativa delas partiu de Gradi. Ele renunciou ao cargo de treinador, permanecendo como gerente de futebol, e nomeou para seu lugar Steve Davis, ex-zagueiro do próprio Crewe e que já trabalhava como assistente técnico. Haja vista que não era a primeira vez que tal câmbio acontecia, poucos se mostraram confiantes na "aposta", mas ao final Davis mudou a cara do Crewe.
Muitos dizem que a intensa maratona de jogos que começa no Boxing Day e vai até os primeiros dias de janeiro deixa evidente quais equipes brigarão pelo que na liga. Com o Alex foi assim. Já sob o comando de Davis o time passou a apresentar um futebol bem mais agradável e não demorou muito até atingir o tão almejado "top 7".
Ao fim da "temporada regular" os Railwaymen ficaram com a sétima posição e se garantiram nos play-offs. Mas não foi só isso. À esta altura o Alex somava um total de 16 jogos sem perder. Comparando este dado ao número de derrotas consecutivas no início da Liga (5), fica evidente o grau de evolução da equipe dentro da competição.
Tamanha guinada se deve, principalmente, a certos "pratas da casa" que foram espetaculares no returno. O principal deles, sem dúvida, é o garoto Nick Powell. O winger, que marcou na final dos play-offs contra o Cheltenham, ganhou ainda mais espaço com Davis e anotou impressionantes 17 gols em 34 jogos. Esta cifra o fez, inclusive, ser transferido para o Manchester United.
Mas a verdade é que seu protagonismo em jogos tidos como complicados foi impressionante. Pese a sua pouca idade -18 anos- ele chamava o jogo e decidia em situações extremas. Isso só deixa evidente o quão boa é a base do Crewe. Nada de propaganda enganosa.
Há dois nomes que merecem ser destacados juntos, pois atuam lado a lado e se completam: Luke Murphy e Ashley Westwood. Os centre midfielders deram um show à parte nos jogos do Alex e foram simplesmente perfeitos. Enquanto o primeiro se encarregava mais da marcação, o segundo aparecia por vezes próximo à área dos rivais. Ambos foram fundamentais nos dois jogos contra o Southend.
É fato que Moore começou a League Two marcando muitos gols, mas algo estranho aconteceu: justamente quando o time passou a melhorar, ele caiu drasticamente de produção. Foi banco durante várias rodadas, mas por fim voltou a ocupar seu posto de "9". Entretanto, quem já vinha se destacanto no ataque do Crewe era mais um atleta da base (sim, outro!), AJ Leitch-Smith. O veloz atacante anotou 9 gols e caiu nas graças do torcedor.
E o melhor, Davis armou isso tudo dentro de um belo 4-4-2 ortodoxo. Mostrou que o pragmatismo não é obra de todos os britânicos. Agora ele precisa mostrar isso e um pouco mais na League One. Sua vida não vai ser nada fácil, principalmente depois da saída de Powell, mas se conseguir manter uma regularidade semelhante a da reta final da temporada 2011-2012, seguramente vai tornar a terceira divisão ainda mais competitiva.
Por Gilmar Siqueira