Crise no Portsmouth. Novidade? Parece que não

David Lampitt (esquerda) e Vladimir Antonov (direita).

Estamos na temporada 2011-2012 e o assunto que está em voga na Championship é a crise financeira que abala o Portsmouth. Para a torcida, isso já não é nenhuma novidade. Vale lembrar que há cerca de dois anos atrás o clube foi rebaixado da Premier League justamente por isso.

Em 2009-2010 o Porstmouth chegou a ter três proprietários, mas nenhum conseguiu evitar o pior. No começo da temporada o nome do empresário dos Emirados Árabes Unidos Sulaiman Al-Fahim surgiu como o salvador para um time já abalado. Depois de omitir que não conseguiu pagar funcionários, ele decidiu vender 90% de suas ações para Ali Al-Faraj, mas ainda permaneceu com 10%, sendo presidente do clube.

Todos já estavam desconfiados demais quando isso aconteceu, mas ninguém tinha sequer uma noção de que a situação do Pompey era tão crítica. No final de 2009, a HM Ravenue and Customs (HMRC) entrou com um pedido de liquidação para as dívidas do Portsmouth. No entanto, a decisão só saiu em março de 2010 e, para ainda maior desespero de todos, foi negada. Com isso, o clube entrou automaticamente em administração e sofreu uma dedução de 9 pontos, o que o deixou ainda pior na tabela da Premier League.

Por sorte (?), a equipe se livrou de cinco acusações que tinha contra e a HMRC resolveu não recorrer. Com isso, Al-Faraj foi forçado a fazer um empréstimo de 17 milhões de libras para tentar pagar algumas dívidas. O problema é que ele não consegui pagar este empréstimo. Sendo assim quem assumiu o Portsmouth foi seu credor, Balram Chainrai, empresário de Hong Kong. Quando chegou, ele acabou se assustando com a dívida de 135 milhões de libras que o Pompey tinha. A única alternativa encontrada foi colocar outra vez o clube em administração.

Após o rebaixamento, surgiu uma notícia que poderia finalmente aliviar a todos: Balram Chainrai iria assumir de vez o time. No entanto, tudo ainda seguiu meio atribulado e ele precisava vender o time. Seria o melhor para ambas as partes. Em junho deste ano foi anunciado oficialmente que o banqueiro russo Vladimir Antonov havia comprado o time, depois de três longos meses de negociação.

O dono do Convers Sports Initiatives (CSI) chegou prometendo demais, principalmente com relação a contratações. Até cumpriu parte do trato, mas não teve tempo de cumprir o resto. Seis meses após ter assumido oficialmente a "chefia" do time, sua empresa teve um colapso administrativo e ele foi preso por fraude bancária em larga escala e falsificação.

Andrew Andronikou e Peter Kubik, que já cuidaram do Portsmouth nas duas administrações anteriores, disseram que pretendem evitar que o mesmo aconteça desta vez. Seu empecilho é que o clube tem apenas fundos para investimentos a curto prazo, ou seja, é mais do que necessário que um novo proprietário assuma Fratton Park, segundo palavras do próprio executivo-chefe David Lampitt.

Mas o que mais intriga nisso tudo é como Antonov conseguiu comprar o Pompey. Isso porque em 2007 ele foi proibido de montar uma filial de seu banco, Snoras, na Grã-Bretanha, justamente por problemas de corrupção. Além disso, o Banco Central Europeu recusou-se a emprestar uma quantia significativa de dinheiro à montadora sueca Saab, porque Antonov tinha participação na mesma.

Todo este imbróglio no Portsmouth, 18o. colocado da Championship, deixa evidente o quão brandas são as restrições para a compra de clubes na Inglaterra. Nem mesmo indícios de corrupção apontados na própria Grã-Bretanha conseguiram impedir o empresário russo (sem contar os 3 anteriores) de adquirir o time de uma forma até certo ponto simples.

Quem mais sofre com tudo isso é o próprio Pompey, que não sabe se de repente amanhã ou depois poderá outra vez abrir as portas. Pessoas como David Lampitt, que está no clube há dois anos, trabalham incansavelmente em prol do Portsmouth, mas muitas vezes levam injustamente a culpa por um problema que estão tentando resolver.


Gilmar Siqueira
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011 às 11:55

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1 comentários:

  1. Parece uma compra ideal para José Sarney ou talvez Paulo Maluf?

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